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Conversa inicial, 19 de setembro de 2011

A ilegalidade da riqueza 

Ontem à noite fui com um casal amigo ver um filme italiano que está fazendo sucesso aqui e foi um dos mais famosos no festival de Veneza que se encerrou nestes dias: Terra firme do diretor Emmanuele Crialese.

É significativo que dos filmes italianos apresentados no festival, quatro têm como tema o problema dos migrantes clandestinos na Itália, pessoas sem documento e sem direito de cidadania e que ao mesmo tempo os italianos que os acolhem ou ajudam se colocam como transgressores da lei. O filme de Crialese é sobre isso e é muito bonito e comovente. Ao ver um filme como esse, a gente sai do cinema convencido de que é urgente mudar esse mundo, dar até nosso último suspiro, como dizia Dom Hélder Câmara para que essa sociedade seja transformada. Tenho um amigo cientista social, Riccardo Petrella, que foi presidente do Comité Mundial da Água. Ele trabalha para que a ONU declare ilegal a pobreza (não os pobres). Eu estou com ele nessa luta, mas quando eu vejo a presidente Dilma dizer: País desenvolvido é país sem pobreza. Eu se pudesse corrigia: é país sem riqueza. É a riqueza exagerada de alguns que cria a pobreza de tantos. Se de fato, a pobreza deve ser considerada ilegal, proibida, ela nunca será vencida se não se decretar que ilegal mesmo é a riqueza, a acumulação de bens enquanto mais de um bilhão de pessoas humanas passa necessidade. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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