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Conversa, quarta-feira, 02 de novembro 2016

No México, o dia de finados é festa. A festa dos vivos com os mortos. Em cada casa e pelas ruas e praças, se armam "altares", em geral, pequenas pirâmides ou degraus nos quais as pessoas depositam no alto fotografias dos seus falecidos e nos diversos degraus, flores, velas e principalmente comidas, pamonhas locais, (tamayos) e nunca falta uma garrafa de aguardente. Além disso, pelas ruas, as pessoas saem com máscaras e principalmente fantasiam as crianças. É como um carnaval, mas ao mesmo tempo, com sentido religioso e de comunhão com os falecidos.

As raízes dessas celebrações são pré-colombianas e pré-cristãs. Pesquisas antropológicas dizem que essas festas se fazem no México e América Central ao menos desde uns três mil anos. Nada tem a ver em si com os costumes de Halowen que vêm do norte da Europa e foram iniciados como ritos para "espantar os maus espíritos". Aqui não. É para se unir aos mortos e festejar com eles a vida. No tempo pré-cristão, os índios faziam referência a Micyecacihuatl, conhecida como a deusa que conduz os mortos para aprenderem a viver no mesmo mundo que nós, mas em outra dimensão ou de outro modo de vida. Desde a colonização, os missionários fizeram coincidir essa festa com o dia de finados para associar as festividades à fé cristã. O povo, ecumênico, aceita. Alguém me disse: "Ao contrário, Jesus nos dá alegria de saber que, hoje comemos com nossos mortos simbolicamente. Mas, podemos ter esperança de um dia comer de fato junto com eles".

Mesmo eu que não expressaria a fé nessa linguagem para mim ainda mítica e simbólica demais, me alegro e comungo com essa esperança da ressurreição.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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