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Conversa, quarta feira, 14 de outubro 2015

Anteontem, em Cochabamba, na Bolívia, se encerrou o 2a Conferência Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e em defesa da Vida. Essa conferência contou em seu encerramento com a presença de três presidentes de países latino-americanos:  Evo Morales, da Bolívia, Rafael Correa do Equador e Nicolas Maduro da Venezuela. A Conferência se concluiu com uma declaração comum, assinada por todos que diz claramente: o sistema capitalista fracassou. Esse modelo de civilização e o Capitalismo  são as causas estruturais da crise do clima no mundo. A partir dessa constatação  elaboraram propostas para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, em Paris em dezembro de 2015. Essas propostas se centram na defesa do ambiente, em uma crítica ao que chamam de "desenvolvimento sustentável" e propõe uma agenda permanente dos povos para a defesa da vida.

Na análise ética da crise global, a declaração afirma de que não são apenas as armas e as guerras que destroem a vida no planeta. São também os modelos econômicos e financeiros internacionais que planejam e estrangulam as economias dos países que tentam ser livres e dar ao seu povo uma vida digna. Conseqüentemente, é preciso mudar o rumo da nossa civilização: O mundo precisa se mover em direção à visão holística do Bem Viver, aprofundando a complementaridade entre os direitos dos povos e os direitos da Mãe Terra.

A mudança exige um esforço espiritual global: As religiões do mundo e as espiritualidades são a salvaguarda moral da sociedade na construção de uma cultura de paz e cultura da vida, de um diálogo para resolver a crise climática. A crise social destrói a vida e os nossos valores comunitários, criando desequilíbrios e conflitos dentro das sociedades, ... A humanidade não deve viver em classes separadas, divididas pelas elites políticas e culturais que impõem crenças e um modo de ver o ser humano separado da natureza.

Depois de avaliar os progressos alcançados desde a Conferência do Povo de 2010, considerando entre os atuais desafios a oficialização de uma Declaração Universal dos Direitos da Mãe Terra, se propõe a instituição de um tribunal de justiça climática e um mecanismo internacional de transferência de tecnologia.

O documento elenco dez princípios de ação das pessoas que se concretizam na defesa da vida e contra a mudança climática. É preciso substituir a cultura capitalista pela alternativa do Bem Viver. É preciso reafirmar os princípios ancestrais dos povos indígenas andinos:  "Ama Sua" (não roubar), "Ama Llulla" (não minta) e "Ama Quella" (Não seja preguiçoso), reconhecidos pelas Nações Unidas como princípios universais para os povos. Propomos a elaboração de um plano de ação global rumo a uma nova ordem mundial anti-capitalista, anti-imperialista e anti-colonialista, baseada no Bem Estar e os direitos dos povos.

Esse grito ético e espiritual se soma a outros, como a encíclica do papa Francisco "Laudatum Sii" na defesa das comunidades e no cuidado com toda a vida no planeta. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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