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Conversa, quinta feira, 14 de junho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

A sensação de viver sempre em véspera de viagem é incômoda e algo desagregador. A comparação que me vem é com uma planta que mal afunda suas raízes em um terreno e precisa ser transplantada para outro. Mas, o ser humano não é planta e se é verdade que nem por isso deixamos de ter raízes, é verdade também que nossa vocação é fundamentalmente a itinerância. Todos os grandes profetas e místicos viveram sua vocação na itinerância. Buda, Maomé, Moisés, Jesus... Mas, essa vocação pede um despojamento e uma leveza que a pessoa mais velha se arrisca a perder. Amanhã pela manhã devo partir para o Rio de Janeiro para participar de atividades paralelas da Rio 92+ 20, a chamada Cúpula dos povos (e não dos governos). A tal Rio 92 + 20 até aqui está mais se parecendo Rio 92 - e não + 20. De 1992 para cá os governos e organismos internacionais se tornaram menos capazes de se comprometer com as metas ambientais. Hoje, os governantes parecem ainda mais dependentes das grandes empresas e conglomerados financeiros do que há 20 anos. Há alguns anos, o megainvestidor George Soros afirmava: "Pouco importa para nós quem é o presidente do Brasil. O que nos interessa é quem será o presidente do Banco Central". Parece que hoje ele poderia dizer  que mesmo o presidente do Banco Central brasileiro não importa também. O que importa mesmo é quem manda na Andrade Gutierrez, na Vale e demais empresas poderosas. Sei que hoje, já milhares de pessoas estão reunidas em atividades paralelas no Aterro do Flamengo e outros pontos do Rio. Os índios de diversos povos fizeram a cerimônia de cura da mãe Terra e a pajelança na qual quem é o paciente é a própria natureza. Vou me incorporar a isso e depois de coordenar a celebração do casamento da filha de um amigo, mergulhar nessa onda de espiritualidade ecológica. Que pena que nossas Igrejas ainda sejam tão pouco sensíveis a esse caminho de intimidade com o Espírito que é a ecologia e os nossos cultos ainda expressem tão pouco essa presença amorosa de Deus fecundando de amor e ternura toda a criação.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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