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Conversa, sábado, 26 de maio 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Pobre monge que eu sou. Fui convidado pela embaixada da Venezuela em Cuba para falar em um evento que fazem sobre bolivarianismo e nesse evento em Havana devo falar sobre espiritualidade bolivariana, ou seja como viver o processo social e político que se está vivendo em vários países do continente, como um caminho de intimidade com Deus e de crescimento espiritual, interior e comunitário. Como estou como coordenador latino-americano da ASETT (associação ecumênica de teólogos e teólogas do terceiro mundo), aproveitei essa viagem e passo aqui na Venezuela (Caracas) para preparar um encontro de consulta teológica sobre teologia da libertação e bolivarianismo. Amigos do governo da Venezuela me ajudaram nessa missão. Ao chegar no aeroporto de Caracas (Maiquetía) fui recebido pela secretária do ministro das relações exteriores e levado a um hotel do governo (o governo Chávez nacionalizou o grande hotel Hilton Caracas que era dos americanos. Atualmente se chama Hotel Alba - aliança bolivariana dos povos e estou hospedado nele com gente de vários lugares do continente. 

Ontem, meu primeiro dia aqui, dei duas entrevistas de televisão pela manhã e participei de um encontro com a diretora de um grande jornal do país sobre possibilidades de colaboração mais estreita com eles. À tarde, um encontro com o vice ministro da cultura que vai publicar em espanhol meu livro "Para onde vai Nuestra América" (espiritualidade socialista para o século XXI). 

Hoje, comecei o dia em um programa de rádio sobre ecumenismo e diálogo entre as Igrejas. Depois tomei café com um grupo ecumênico de católicos e evangélicos e até a tarde participei com eles de uma discussão para montar o encontro teológico pastoral que será coordenado por eles e eu, junto com outros companheiros/as que virão de outros países apenas colaboraremos. 

É bonito ver como esses irmãos e irmãs estão engajados na realidade do povo e a partir das comunidades populares apoiam o processo revolucionário. Um padre me contou que ao sair do metrô, um casal o cumprimentou dizendo: Obrigado, padre, por nos ajudar a nos manter católicos. Nós já não tínhamos mais esperança na Igreja Católica e não nos sentíamos mais dessa Igreja. Ela está distante demais de nossa realidade e parece que não se preocupa mais com os pobres. Ontem vimos o senhor em um evento junto com o comandante de nossa revolução. Isso nos deu uma esperança nova. É possível ser cristão e revolucionário. Assim sim, ficamos na Igreja. Que nessa celebração de Pentecostes que festejamos nesse domingo (amanhã), Deus nos ajude a compreender e a tirar todas as consequências da palavra de Paulo: "Onde estiver o Espírito de Deus, aí haverá liberdade" (1 Cor 3, 17). Então, o processo de libertação é profundamente manifestação do Espírito de Deus em nós. E temos de escutá-lo e segui-lo com amor. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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