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Conversa, sexta feira, 15 de janeiro 2016

Começo nesta noite a assessorar o retiro anual dos missionários combonianos de todo o Brasil. Hoje em dia, quase não aceito pregar retiros para congregações religiosas. Mas, nos últimos anos, tenho acompanhado em fóruns e encontros os padres combonianos e não tinha como negar esse serviço, mesmo se esse mês já estou muito cheio de tarefas e viagens.

Eles pedem que o tema central das reflexões e motivações para a oração seja "a comunidade, lugar de festa e perdão", o título de um famoso livro de Jean Vannier. Vou tentar ajudá-los nesse discernimento sobre a vocação comunitária como profecia do reinado divino no mundo.

Hoje, almocei com a irmã Regina que acompanha em São Paulo a comunidade dos sofredores de rua. Apesar de que muitos que eram dessa categoria estão agora nacionalmente organizados como catadores de material reciclado e têm uma cooperativa, quando passo pelas ruas vejo famílias inteiras. Tenho certa impressão de que a população de rua aumentou e a situação está mais precária... Nesses dias tem chovido e o que vejo é muita gente abrigada debaixo de marquises com todos os seus pertences. Meu Deus, que vida terrível... E as manchetes dizem que o desemprego aumentou e está aumentando mais... Que resultado podemos esperar?

Ontem comprei e, apesar de que é um livro relativamente grosso e denso, hoje já acabei a leitura do livro de Harvey Cox: O futuro da fé (Paulus). Harvey Cox é um pastor batista, teólogo norte-americano do meu tempo de jovem que fez um sucesso imenso nos anos 60 com o livro "A cidade secular". Nos anos 80, escreveu uma obra defendendo Leonardo Boff quando ele tinha de responder processo no Vaticano. Agora escreveu um livro leve e fácil de ler: O futuro da fé. Ele faz uma distinção entre fé e crenças e propõe que o Cristianismo supere a época das crenças, volte a ser um movimento de fé e se torne verdadeiramente um movimento do Espírito. Suas observações são sempre muito pertinentes e proféticas. Será que as Igrejas cristãs são capazes de dar esse salto? 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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