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Conversa, terça feira, 10 de julho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Hoje é vigília da festa de São Bento, monge que viveu no século VI e que se tornou conhecido porque escreveu uma regra para quem quisesse viver em comunidade - de acordo com o espírito do evangelho. Para mim, é uma data que me traz muitas recordações e reflexões sobre o que significaria essa vocação de monge hoje em dia. Amanhã vou a João Pessoa para celebrá-la com a irmã Agostinha, aqui no Brasil, sobrevivente, como eu da tentativa de viver a vida de monge no meio do povo pobre e de forma inserida, ecumênica e atualizada. Retomo o livro que estou escrevendo junto com Antonieta Potente: "Paixão pela Vida" (Conversas sobre a vida religiosa, hoje). Nessa vigília de São Bento, escrevo mais um capítulo do livro. Exorcizo assim minhas lembranças de dor que sofri e de decepção com as instituições que deveriam estimular a profecia e, ao contrário, tentam afogá-la. Retomo minha missão de apoiar e confirmar tantos grupos cristãos alternativos na busca de uma espiritualidade livre e laical. Nesse caminho, continuo acreditando que um elemento importante é lutar e alcançar certa unificação interior. Ser monge ou monos é trabalhar por essa unificação, ou seja, vencer as divisões interiores que nos esfacelam. E esse caminho de unidade, podemos vivê-lo no amadurecimento de nossas relações afetivas, de nossas amizades. A amizade espiritual é uma canção do espírito e um dom divino inestimável. É uma canção a qual ninguém pode resistir. Uma canção que nos faz descobrir e cantar a canção interior que jaz adormecida no coração de cada um/uma de nós e que à voz da pessoa amiga, desperta, se afina e canta a alegria de viver. O papel do Espírito é o de guia e inspirador que orienta e ilumina esses relacionamentos para que sejam sempre sacramentos de comunhão e nos façam mais abertos a um mundo novo e diferente. Para mim, esse é o rosto do cenobitismo atual e espiritual. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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