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Meditação bíblica para o domingo, 16 de fevereiro 2014

Hoje, como forma de partilha da palavra de Deus nesse domingo (amanhã) reparto com vocês uma reflexão que é mandada semanalmente por Maria Helena Arrochelas, do Centro Dr Alceu Amoroso Lima para a Liberdade: 

A PARTILHA DAS REFLEXÕES BÍBLICAS É UMA PARCERIA ENTRE 

XICO LARA 

E O 

CENTRO ALCEU AMOROSO LIMA PARA A LIBERDADE/CAALL

Domingo, 16 de Fevereiro de 2014: 6º Domingo do Tempo Comum - Ano A

Eu vos digo. Após os dois pórticos de entrada (as Bem Aventuranças e o convite a ser o Sal da terra e a Luz do mundo), no domingo de hoje e no próximo, temos uma primeira sequência importante do Sermão da Montanha: Jesus, intérprete da Lei e dos profetas, não veio para aboli-los, mas para cumpri-los! Nestes dois domingos, a Liturgia nos apresenta as famosas passagens que iniciam com "Vós ouvistes o que foi dito...." e seguem com "Eu, porém, vos digo..."

Textos deste Domingo

1a leitura: «Se quiseres observar os mandamentos...» (Eclesiástico 15,16-21)

Salmo: 118(119) - R/ Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo!

2a leitura: A sabedoria de Deus ignorada pelo mundo (1 Coríntios 2,6-10)

Evangelho: Sermão da Montanha. Superar a justiça dos escribas e dos fariseus (Mateus 5,17-37 ou 20-22.27-28,33-34.37)

A vida, o amor, a liberdade e a Lei... Difícil manter esta mistura?

Para além da lei

Exceto o mandamento que nos prescreve honrar pai e mãe, ou seja, amar a vida que nos foi dada por nossos pais, atravessados pelo amor que vem de Deus, as outras prescrições todas do decálogo são proibições. O que é estranho, porque «a Lei e os profetas» resumem-se afinal no duplo mandamento, positivo, de amar a Deus e ao próximo (ver, por exemplo, Mateus 22,37-39). De fato, todos eles são proibições que enumeram as condutas que nos fazem sair do amor, mas não nos dizem como amar. Amar não é, de fato, algo que se possa mandar: se eu amo por obediência, é que estou buscando a mim mesmo e a minha perfeição, não o outro. Estou querendo ser irrepreensível. Há apenas um esclarecimento positivo: amar o próximo «como a si mesmo», mas resta saber quando e como amamos a nós mesmos de verdade. Pois pode haver aí muitos erros… Iremos finalmente aprender que amar a si mesmo consiste em dar a própria vida para que outros vivam e é assim que, enfim, nos faremos vivos de verdade: a Páscoa do Cristo é a revelação disto. No Calvário, a lei é ridicularizada por parte dos homens e ultrapassada, superada, por parte do Cristo. Falta-nos encontrar o modo de «dar a nossa vida». As circunstâncias e os acontecimentos da nossa história é que nos dirão. De novo, sabemos não se poder prescrever como amar; cabe a nós, no decorrer de nossos encontros com os outros ao longo de nossas vidas, descobrir como fazer isto. Estaremos aí, assim, para além da Lei, mas sempre alinhados com ela. Poderíamos dizer que o amor nos permite comportamentos contrários às proibições da Lei, mas não é suficiente: os comportamentos são apenas a expressão exterior disto pelo qual somos habitados.

Para além da fé

Contraste: depois de dizer que “nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra”, Jesus se põe a agravar as prescrições. Não acrescenta nada, mas passa dos  comportamentos exteriores às disposições interiores que os comandam. Estes comportamentos proibidos pela Lei são, de fato, em sua profundidade, a expressão de uma perversão do amor. Passa-se do «fazer» isto ou aquilo ao «ser». Paulo falará em passar da Lei à fé. Neste novo regime, o que prescreve a Lei pode ser melhor observado do que no antigo, mas não é mais em nome da lei que se age de acordo com o que ela exige. Agora, é sob o império da escolha de fazer o outro existir; ou de deixá-lo existir. Esta escolha não é totalmente espontânea. A sua origem não se encontra em nós mesmos, mas vem do nosso acolhimento a um amor que vem de outro lugar. É resultado desta Aliança nova que veio substituir aquela antiga, fundada na Lei e vivida sob ela. Ficaremos sabendo mais tarde que esta Aliança nova se completará pelo acolhimento do Espírito, que é o próprio Deus infundido em nós. Mas, como não poderíamos ser semelhança de Deus, se perdêssemos a nossa liberdade, o Espírito não toma posse de nós de uma vez por todas. Ele nos é dado a cada instante, e é a cada instante que devemos identificá-lo e dar-lhe a nossa adesão. Em três pequenas parábolas, uma referente a “se teu irmão tem alguma coisa contra ti» e as outras duas, relativas ao processo iminente e à ameaça de guerra, aprendemos que a reconciliação é mais importante do que o culto religioso e que a recusa em acabar com os nossos conflitos nos conduz finalmente à catástrofe. A vida está do lado do amor.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara) 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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