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Comentário de filmes, segunda-feira, 25 de julho 2016

Alguns amigos sabem que gosto muito de Cinema e que,  através dos filmes, sinto a vibração da vida, contemplo, oro e me abro mais ao amor. Por isso, alguns têm me pedido que de vez em quando, aqui no blog eu possa comentar filmes que estão passando no circuito comercial e que eu dê algumas dicas para que as pessoas possam ver e aproveitar. 

Apesar de que com a vida corrida que estou levando nesses dias, nem sempre consigo acompanhar os lançamentos e os filmes que estão no circuito, mas vou tentar sim nas segundas feiras dar uma dica para a semana... 

Hoje vou falar de dois filmes que me chamaram a atenção e estão nos cinemas das grandes cidades brasileiras. Dois são franceses e fizeram parte do Festival de Cinema Francês Varilux que, a cada ano, percorre as capitais mais importantes do Brasil e esses dois filmes fazem parte dos que passaram há dois meses na mostra de 2016 e agora estão entrando no circuito normal. 

Os dois filmes são franceses e ambos visam tratar de problemas atuais e fazem isso contando histórias de outro tempo. O primeiro se chama Agnus Dei (título em português). O filme é de  Anne Fontaine, uma diretora francesa ainda não muito conhecida aqui no Brasil e trata de um problema terrível que merece ser discutido atualmente no Brasil: aquilo que se convencionou chamar de "cultura do estupro". Para tratar dessa tragédia que ainda aflige a humanidade hoje em diversos países, a diretora tomou o caso verídico de um convento de freiras do imediato depois da guerra (1945) em que se descobriu que quase todas as monjas tinham sido estupradas violentamente por soldados russos e poloneses. O filme mostra como uma enfermeira francesa da Cruz Vermelha ajuda as irmãs e as dificuldades para isso por causa da própria cultura religiosa delas que se sentiam em pecado e queriam esconder do mundo a sua vergonha... Eu que vi o filme a partir do meu olhar sobre a Igreja não pude deixar de pensar que as pessoas do filme que se dizem ateias (sem fé) revelam mais espiritualidade e humanidade do que as que se dizem consagradas a Deus.... Mas, deixo vocês verem, avaliarem e tirarem as conseqüências disso para nós. O filme não é uma obra-prima de arte cinematográfica, mas vale a pena ser visto... 

O outro, também francês que veio ao Brasil no festival Varilux e está agora no circuito comercial é Chocolate. Esse filme é também de um diretor francês novo para nós: Roschdy Zem. Ele centrou o seu filme em dois grandes atores: Omar Sy, o ator negro do Senegal que atualmente faz sucesso na França e nós vimos no filme "Os intocáveis" cuidando do francês rico que sofria de esclerose e vivia em cadeira de rodas. O outro ator é James Thierrée que nos lembra muito Charles Chaplin no auge da carreira. 

Chocolate também se inspira em um caso real de outros tempos para falar de um problema de hoje: o racismo na sociedade francesa (e na nossa???). Chocolate é a história verdadeira do primeiro palhaço de circo que era negro (africano) e fez sucesso na França nos primeiros anos do século XX. Para chegar ao ponto que chegou sofreu horrores e enfrentou todo tipo de preconceito da sociedade racista de então (preconceitos que até hoje os migrantes sofrem). 

Apesar de tratarem de problemas que são tragédias sociais até hoje nenhum dos dois filmes é pesado ou deprimente. Nenhum apela para a violência e ambos são profundamente delicados ao tratarem desses temas difíceis....

Saímos do cinema desejando um outro mundo possível... 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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