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​Conversa inicial, sexta feira, 13 de janeiro 2012

Haiti

Ontem, completaram-se dois anos do terremoto físico e geológico do Haiti. O terremoto social e político de um país devastado pela crueldade e ambição das grandes potências, especialmente dos EUA, esse já completou quase 200 anos. O Haiti foi o primeiro país hispano-americano que se tornou independente e a partir de uma revolta dos negros. Isso o imperialismo nunca perdoou. E sempre encontrou modos de ocupar e explorar o país de todas as maneiras. Quando um governo nacional conseguiu fazer um projeto de país mais livre e mais justo, a intervenção norte-americana conseguiu destruir e impor algum militar para substituí-lo. E o terremoto de 2009 só veio completar a destruição já programada. Dois anos depois de tanta gente morta e grande parte do país destruído, pouca coisa foi  reconstruída. Menos de um ano depois do terremoto e tsunami no Japão, o país está todo em ordem. Uma amiga que passou lá há pouco tempo me disse que quase não encontrou mais sinais da tragédia. No Haiti, ao contrário, quase nada foi feito. E ontem, aniversário do terremoto do Haiti, o governo brasileiro tomou uma triste decisão: anunciou que vai restringir a cem por ano os vistos de entrada no país para os haitianos que tentam sobreviver entrando no nosso país. Ao mesmo tempo que criticamos os europeus e norte-americanos quando eles barram os brasileiros que tentam entrar lá, fazemos o mesmo que os imperialistas fazem quando se trata de recebermos nossos irmãos pobres. Temos que denunciar isso e mostrar ao governo que somos contra. Compreendemos que o tráfico humano tem de ser regulado e que existem os intermediários que estão explorando esses pobres ao transportá-los para o Peru ou Equador para que eles passem ao Brasil. Isso tem de ser punido e corrigido, mas não se pode fazer isso contra os haitianos pobres que estão tentando sobreviver. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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