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Conversa, quarta-feira, 28 de setembro 2016

Nesses dias, Montevidéu voltou aos dias de inverno quase antártico. Um frio úmido que faz mal. No entanto, o calor humano que encontro na casa de Diego Pereira e sua esposa Rosina com o seu filhinho Juan Pablo (4 anos), me faz ignorar o frio e viver a amizade como energia aquecedora. 

Fiz o esforço de vir do Recife para o lançamento do primeiro livro de Diego: La fuerza transformadora de la esperanza

Antes de tudo porque quis apoiar e mostrar a importância do surgimento de teólogos novos, comprometidos com os pobres e inseridos na busca comum da Teologia da Libertação. Depois, porque para o mundo atual, esse tema da esperança é urgente e prioritário. Diego parte da laicidade da filosofia, mesmo se se trata da Filosofia personalista (cristã) de Gabriel Marcel e ali ele sublinha a importância da subjetividade, tema até hoje, pouco desenvolvido pela Teologia da Libertação que cuida muito mais do comunitário e do coletivo. Mas, pouco a pouco, o livro de Diego nos convoca para um grande mutirão de esperança no mundo atual. 

Na linha do que propõe Edgar Morin com sua ideia do “pensamento complexo”, aqui, Diego Pereira partilha conosco a sua síntese sobre a Filosofia personalista e comunitária, assim como a Teologia judaico-cristã contextual, ecumênica e pluralista na qual, ele se formou e que assume como a raiz e o tronco a partir dos quais modelou sua vida. É a partir dessa base que ele propõe a construção da esperança para a nossa sociedade e  a construção de uma vida feliz que os índios latino-americanos chamam de “bem viver” e o evangelho joanino situa como “vida em abundância” (Jo 10, 10). 

Nossa profunda gratidão a Diego Pereira por nos apontar o rumo e fazer de nós protagonistas importantes de uma linda parábola (mashal) de amor. Nessas páginas que condensam o seu pensamento e sua opção de vida, Diego mostra que a Teologia da Libertação está viva e operante no Uruguai e pode se alegrar de contar com gente jovem e muito capaz.

Para além dos meandros do saber racional, este livro nos convida a nos aventurar na busca de um mistério do qual muito se fala e, talvez, com facilidade demais, se tente definir. Entretanto, “como a ventania, sopra onde quer. Ouves a sua voz e não sabes de onde vem, nem para onde vai” (Jo 3, 7). Nenhum mortal pode amordaçar a ventania.  O mistério é uma intimidade só penetrável pela prática cotidiana de vida.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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