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Conversa, quinta feira, 28 de julho 2016

Hoje, o papa Francisco chegou em Cracóvia, Polônia, para o encontro mundial da juventude com o papa. Pessoalmente, sei que esse tipo de encontro foi pensado a partir de um modelo de Igreja com o qual não concordo. A ideia era conquistar a juventude de volta para a Igreja. E a Igreja, apresentada a eles, continua sendo igreja de massa (em cada lugar reúnem milhões de pessoas), exercícios de piedade medieval (via-sacra, confissões individuais, catequeses em estilo antigo). Em nenhum momento, ao menos até aqui nesses encontros, houve a preocupação de escutar os jovens, de ouvir os problemas e desafios que a juventude encontra no mundo atual. Sonho com uma Igreja que, no jeito como Jesus viveu as relações com as pessoas, se coloque a serviço da juventude e não queira a juventude a serviço da Igreja. 

Em 2013, estive no Rio de Janeiro, não para o encontro da juventude (já tenho idade de ser avô), mas para assessorar a Rede de Televisão Telesur (latino-americana) na cobertura da visita do papa. Ao mesmo tempo que vi o encontro, pensado e organizado de uma forma que parecia uma manifestação do Catolicismo europeu da época da minha bisavó, vi também o novo papa chegar com um novo espírito. (Francisco tinha assumido em março e estávamos em julho). O único sinal de juventude do Espírito vinha do papa e com mais de 76 anos de idade. Ele quebrava o protocolo, se dava o direito de rir, se comportava como uma pessoa humana sem máscaras e se revelava como um profeta do amor divino... 

Por que confiar na juventude? Por que em todos os caminhos espirituais, os jovens são sinais da novidade perene do Espírito Santo. Em um mundo, no qual a política e a economia são dominadas pelos mais velhos e de forma pouco democrática, é importante que a sociedade civil e os movimentos sociais testemunhem uma profunda confiança na juventude. De minha parte, cada vez mais faço questão de manifestar uma verdadeira fé em meus amigos e amigas jovens. E no meu contato com eles e elas, sinto que Deus me rejuvenesce... 

Através dos meus contatos com os jovens, escuto a cada dia de novo a palavra de Deus no livro do Apocalipse: "Faço novas todas as coisas" (Ap. 21. 5- 7). 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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