Blog Aqui vamos conversar, refletir e de certa forma conviver.

Conversa, sábado, 09 de junho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Acabei agora de celebrar uma eucaristia doméstica, com quatro pessoas ao redor de uma mesa, um pouco de pão e um pouco de vinho, mas antes de tudo, a comunhão profunda entre nós e a força da palavra divina. Ao reler o evangelho desse domingo - no sábado à noite, celebramos a missa do domingo (Mc 3, 20 - 35), me impressiona sempre o fato de Jesus ter rompido com a sua família. Deixou mesmo de morar em Nazaré e passou a morar em Cafarnaum (uns 40 km de distância). E a família vai buscá-lo. Marcos chega a dizer que acham que ele está louco. E mostra a família do lado de fora de pé e os discípulos e discípulas dentro e sentados/as ao redor dele, ouvindo-o. A família quer controlá-lo e ele não se deixa dominar. Quem é minha mãe, quem são meus irmãos? E aponta para os que o seguem: esses e essas são minha família ampliada. Estou lendo "A visão integral" do filósofo americano Ken Wilber e ele fala de uma espiritualidade humana (não necessariamente religiosa) que tem etapas: evolui do egocentrismo para o etnocentrismo (o nós da família, da tribo, etc) e daí para o universalismo (todos/as são irmãos e irmãs). Lembra a palavra de Buda na qual ele insistia que devemos olhar todo ser humano com o mesmo amor que uma mãe olha a criança que ela carrega em seu ventre. Essa é a proposta de Jesus no evangelho. Difícil, mas possível pela graça.

Nessa madrugada, minha amiga querida, Terezinha (Tê) me ligou chorando. Seu pai tinha acabado de partir. Desde 1977, eu conhecia seu José. Um dos homens mais íntegros e evangelicamente simples que eu já encontrei. Mineiro, desde jovem morava em Goiás. Pobre, trabalhou em fazendas. Depois, com uma carroça transportava mudanças para os pobres, levando cargas. De repente. roubaram seu jumento. Ele ficou trabalhando no que encontrava, ganhando um pouquinho ali, outro pouquinho aqui e assim criou os seus seis filhos e foi sempre um trabalhador incansável e exemplo de pai de família. Hoje, Deus o levou do meio de nós. Celebrei a eucaristia associando sua páscoa à páscoa de Jesus e ofereci sua vida a Deus como ação de graças e uma vida de amor que ele sempre viveu. Que do céu continue a proteger seus filhos e filhas.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

Informações