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Conversa, segunda feira, 06 de agosto 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Hoje, as Igrejas antigas, principalmente, as orientais (ortodoxas) celebram a memória da transfiguração de Jesus (Mc 9). Lembrar que Jesus se transformou nos ajuda a percebermos que somos todos/as chamados/as a nos transformarmos permanentemente. Jesus ao ser transformado assumiu sinais da presença divina nele (de repente, no alto da montanha, os discípulos mais íntimos dele o viram como envolvido de luz). Nós também podemos ser cada vez mais divinizados. No Gênesis está escrito: "Deus disse: façamos o ser humano conforme a nossa imagem e à nossa semelhança. E Deus criou o ser humano, criou-o homem e mulher e à sua imagem o criou" (Gn 1, 26- 27). No século IV, João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, comentava esse texto e perguntou por que no primeiro versículo Deus se propõe a criar o ser humano à sua imagem e semelhança e no segundo verso ao dizer que criou o texto só fala de imagem e não diz mais que o criou à sua semelhança. O bispo explicou: "A imagem de Deus todo ser humano é. Nós somos já criados à imagem de Deus. Mesmo em pessoas que não agem corretamente, essa imagem divina existe. Está desfigurada. É como uma obra de arte suja ou meio rasgada, mas é ela e é divina sim. Todos os seres humanos são à imagem de Deus. Agora a semelhança é uma construção de toda a vida. Somos a imagem divina e devemos nos tornar uma imagem que de fato se parece com o modelo original. Essa é nossa vocação. Irmos nos transformando até atingirmos a semelhança divina. 

Estou escrevendo o texto sobre teologia da libertação e bolivarianismo para um encontro internacional que acontecerá em Caracas, Venezuela, no final de semana 17 a 19. Sinto que tenho de simplificar bem mais o texto. Não é fácil. Ao mesmo tempo, hoje consultando um livro cubano para citá-lo nesse trabalho encontrei uma citação do frei Bartolomeu de las Casas, missionário dominicano que morreu em 1556. No final da vida, ele escreve o horror que é a escravidão dos índios, a colonização da América como um crime e pede perdão de que em 1530, quando defendia os índios, sugeriu que os espanhóis no lugar de escravizar os índios na América, trouxessem para suas fazendas e minas aqui na América, os negros que já eram escravos na Espanha. Ao fazer isso ele parecia aceitar a escravidão negra. E em 1560, poucos anos antes de morrer, ele revê isso e escreve: Toda escravidão é um crime e toda colonização é injusta. Pena que sua voz foi tão pouco ouvida nas Igrejas e no mundo. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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