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Conversa, terça feira, 19 de julho 2016

Ontem concluí em Carpina (interior de Pernambuco) dois dias de encontro com formadores/as de várias congregações religiosas, reunidos pela CRB (Conferência dos Religiosos do Brasil) sobre a mistagogia de Jesus no discipulado do reino de Deus.

Aceitei assessorar aquele encontro por fraqueza afetiva, talvez até certa imaturidade. Incapacidade de dizer Não. Sinto que não sou mais a pessoa adequada a ajudar aqueles irmãos e irmãs. Gosto deles, vejo-os com muito amor, mas se eu fosse falar claro e com toda franqueza o que penso dos assuntos que os preocupam, sem dúvida, escandalizaria a muitos e não ajudaria a maioria... De todo modo, me agarrei ao evangelho e durante dois dias fiz com eles uma leitura orante dos textos do chamado dos discípulos e insisti na profecia da vocação cristã consagrada. No final perguntei como organizar a vida religiosa e como formar jovens religiosos para uma  vida religiosa que não seja mais centrada em si mesma e em função das estruturas das congregações e sim em função do reino de Deus em uma Igreja, como diz o papa "em saída".

Mas, faço isso sofrendo interiormente.... A palavra de um abade beneditino que me foi dita em 2007 ainda me fere por dentro: "Você é uma pessoa excelente. Nós todos o respeitamos, mas você está além da instituição e isso não podemos aceitar. Precisamos de pessoas que vivam em função da instituição porque ela é sagrada". 

Não quero falar sobre isso, nem me lembrar mais disso. Deus me deu outras palavras e eu as sigo sem mágoa nem ressentimentos. Mas, certos ambientes me fazem relembrar e sofrer. 

Que doidice então sair daquele encontro, conseguir deixar todo mundo contente (apesar de tudo) e chegar agora à noite na casa provincial dos padres passionistas em São Paulo para entrar em um congresso com 200 religiosos e religiosas e leigos consagrados na Congregação Passionista... Aceitei isso a pedido do meu amigo Ademir. Tomara que possa ajudá-los, sem passar para eles as dores que me feriram o coração e sim a alegria de vê-los tão disponíveis à paixão pelo reino (são passionistas. Devem ser apaixonados/as pelo reino de Deus). Que ótimo... Vou pensar assim e nesses dias trabalhar e conviver com eles.... Aleluia... 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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