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Mártires da justiça

Ontem à noite, no Consulado da Venezuela em Pernambuco, participei de um ato público de solidariedade aos cinco cubanos presos nos Estados Unidos como espiões. Vários elementos me marcaram. Em primeiro lugar, fico contente ao perceber que, ao menos no seio dos nossos grupos e movimentos, há uma consciência latino-americana e caribenha que vai crescendo. Quando imaginamos que há apenas dez anos, nunca os governos da América do Sul tinham vivido algum encontro entre eles e nem com os outros latino-americanos e caribenhos, sem ser através do Império norte-americano, não podemos deixar de nos alegrar com o fato de, hoje, termos a ALBA, aliança bolivariana dos países latino-americanos, o MERCOSUR, a UNASUL e agora a CELAC da qual faz parte inclusive o México que está na América do Norte. Também fico contente ao descobrir que há uma forte presença de jovens nesses eventos. De modo algum, os politizados ou engajados são todos pessoas mais velhas. Muitas representações de grupos sociais e políticos nas mãos de jovens. E é claro esse caminho de integração deve muito à mediação do governo venezuelano e concretamente do presidente Hugo Chávez. 

O ato foi em torno do lançamento do livro do jornalista Fernando Morais: "Os últimos soldados da guerra fria". Acabei de ler o livro na semana passada. Achei-o excelente e esclarecedor, embora o título me parece até agora inadequado. Nem eles são os últimos e nem se trata de uma guerra fria. Ao contrário, é muito quente, com os aliados do império jogando bombas de pequenos aviões sobre o território cubano, atos terroristas em hotéis de turismo em Havana e    uma propaganda terrível contra a revolução cubana. O que os cinco heróis cubanos fizeram foi largar tudo o que tinham e inserir-se nos grupos extremistas de direita em Miami para saber dos planos deles antes de que executem e, assim, impedir atos terroristas e salvar vidas. O que descobriram é que por trás desses atos terroristas não estão somente cubanos fanáticos e cheios de ódio, mas o próprio governo norte-americano que os financia e os patrocina. Por isso, os cubanos foram presos. É claro que podemos fazer muito pouco, já que os tribunais norte-americanos os condenaram como espiões, embora nunca se tenha provado que nenhum deles teve acesso ou procurou nenhuma base ou escritório norte-americano e o assunto deles era simplesmente evitar terrorismo em Cuba. Mas, mesmo não podendo fazer nada concretamente em prol dos cinco que já estão presos e praticamente incomunicáveis desde 1998, podemos sim construir uma consciência nova  e mais crítica em nosso país e no mundo. E isso temos de fazer. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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