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​Meditação bíblica, domingo, 25 de agosto 2013

O Evangelho lido hoje nas comunidades católicas e anglicanas (Lucas 13, 22- 30) nos coloca problemas atuais e suscita reflexões que nos atingem. Eis o que escrevi no meu livro que comenta o evangelho de Lucas: Boa notícia para todo o mundo.

-- A porta estreita (Lc 13, 22- 30).

Essa passagem começa por uma menção à caminhada de Jesus e dos discípulos para Jerusalém. Certamente, o evangelista quis ligar o caminho de Jesus a Jerusalém (caminho para a entrega de si mesmo e cruz) com a questão do ingresso no reino de Deus. Poder ou não entrar no reino de Deus é o tema dessa conversa de Jesus com alguém que o interroga sobre isso. 

A pergunta feita por alguém se são poucas ou muitas as pessoas que se salvam era muito debatida nos círculos religiosos judaicos. Um rabino de Israel dizia: “Pode ser considerado um filho do mundo futuro quem habita no país de Israel, fala a língua santa e recita de manhã e à tarde a oração do Shemmá”[1]. Jesus investe contra essa falsa segurança. Diz que não existem privilegiados. Religião não salva ninguém. O único critério de participar do reino é praticar a justiça ( Sl 6, 9). E diz que muitos comem e bebem com o Senhor e nem por isso estão seguros da sua salvação. A imagem do banquete do qual fala esse trecho do evangelho vem de Is 25, 6- 8. Não é o fato de pertencer a essa ou aquela instituição que garante salvação. 

Até hoje muitas Igrejas e religiões continuam se colocando como garantias de salvação. Jesus diz: “Muitos virão do Oriente e do Ocidente e se sentarão à mesa do reino”. Pessoas de todas as  religiões, ou muitos sem nenhuma religião, sentar-se-ão à mesa do reino, enquanto muitos que se consideram dentro poderão ouvir: “Não vos conheço!”. Esse trecho do evangelho é uma lição de macro-ecumenismo. As religiões ajudam se servem para nos tornar pessoas empenhadas com a justiça e o direito. Por outro lado, o que significa ser salvo? Quando eu era criança pensava que se tratava de ir para o céu. Hoje compreendo que é bem mais amplo. É viver a vida em plenitude que começa aqui mesmo no meio dos sofrimentos do cotidiano e se eterniza na comunhão profunda e íntima com Deus. Então, salvação é felicidade completa. Uma coisa que todo mundo quer e precisa e de fato ninguém tem a receita. Mas, aí de novo vale a pena lembrar: Jesus liga isso com justiça e diz que é de graça. Deus dá a todo mundo.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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