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Meditação bíblica, sábado, 06 de outubro 2012

O evangelho lido nas comunidades desse domingo, Mc 10, 2- 16, é um texto de certa forma antipático porque é muitas vezes usado de forma moralista e em leitura fundamentalista contra o divórcio e por uma moral fechada das Igrejas. No tempo de Jesus, não havia casamento eclesiástico como hoje e o contexto era outro. A discussão sobre o divórcio é contada pelo evangelista em um contexto no qual Jesus sempre toma posição pelo que está por baixo. Ver o episódio da acolhida das crianças e a história do rapaz rico - Jesus se coloca a favor do pobre e denuncia o poder opressor. No caso da discussão sobre a separação, o próprio fato dos doutores da lei perguntarem sobre se o homem pode mandar a mulher embora já clareia a situação. Eles não perguntam se a mulher poderia mandar o marido embora. Isso não existe. A mulher era uma propriedade e o marido era considerado seu dono e quando não queria mais a repudiava e ela ficava sem nenhum apoio. Jesus se revela contrário a isso porque defende a igualdade do homem e da mulher e não porque quer prender um ao outro mesmo quando não existe amor ou possibilidade de vida comum. Jesus liberta. Não oprime nem quer oprimir ninguém. É preciso ir além de uma leitura legalista que tantas vezes as Igrejas ainda fazem. E a acolhida das crianças mostra essa predileção de Jesus pelos pequeninos. O importante é a gente se colocar nessa categoria do pequeno. 

Hoje recebi um grande presente que partilho com vocês. Eu tinha dito que recebi um prêmio de construtor da paz 2012 de uma província da Itália. Não dei muita importância a isso nem divulguei. Mas, por aqui, acabou sabido e eu recebi hoje essa mensagem do meu amigo e mestre Dom Pedro Casaldáliga que considero como um Dom Hélder vivo e com o qual partilhei tantos momentos importantes da missão na CPT e no CIMI na época em que eu vivia no Centro-oeste e ele era vice-presidente da CPT Nacional. Hoje ele me enviou essa mensagem que partilho com vocês como uma celebração da amizade para mim mais importante do que todos os prêmios que pudesse receber na vida: 


Em 06/10/2012 14:55, Pedro Casaldaliga < [email protected] > escreveu:

Querido Marcelo, irmão maior em tantos aspectos,

receba os nosso parabéns por esse prêmio mais do que merecido. Construtor da paz com o diálogo ecumênico e macroecumênico, escutando o povo e fazendo ouvir uma Bíblia viva e vivificadora, mestre da palavra oportuna, porta voz dos clamores do povo, testemunha de uma Igreja que quer ser seguidora de Jesus de Nazaré, luz e fermento na história de cada dia.

Receba um forte abraço na paz subversiva do Reino.

Pedro Casaldàliga e Prelazia

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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