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Somos sete bilhões

Deu nos jornais: na semana passada, exatamente na 2ª feira, 31 de outubro, nasceu a criança que nos fez completar sete bilhões de seres humanos no planeta terra. Não adianta especular quem foi essa criança e onde nasceu. Foi simbolicamente escolhida uma menina que nasceu a zero hora na 2ª feira, 31, nas Filipinas. Mas é um dado simbólico e aproximativo. De qualquer modo, a ONU garante: somos sete bilhões. Basta dizer isso e surgem perguntas: a terra cabe tanta gente? Há alimento para tantas bocas? Como fica a ecologia?

Evidentemente há problemas e a humanidade terá de tomar decisões importantes. Em termos de espaço, um cálculo de cientistas revela que se colocássemos os sete bilhões de humanos um junto do outro, todos caberiam na ilha de São Luiz no Maranhão ou na área urbana da cidade de Los Angeles (Cf. Folha de São Paulo, 30/10/2011). Também os estudiosos garantem que, sem recorrer a sementes transgênicas e à produção desumana de carne com hormônios, a terra pode alimentar até mais de onze bilhões de pessoas. Já em seu tempo, o Mahatma Gandhi dizia: “A terra tem riquezas naturais suficientes para alimentar a humanidade e todos os seres vivos, mas não basta uma terra inteira para saciar a ganância dos que só visam o lucro pessoal e a ambição”. 

Esse é o maior desafio dos sete milhões que somos nós: hoje, temos a consciência de que pertencemos a uma única família humana. Asiáticos, africanos, latino-americanos, europeus ou norte-americanos, temos o mesmo tipo de organismo, as mesmas fragilidades e uma necessidade comum a todos: a de amar e sermos amados. O desafio social é que a população mundial cresce nos países mais pobres, nos quais a média de vida não chega a 48 anos, quando atualmente a média no mundo considerado desenvolvido é de 74. Isso é assim porque a sociedade internacional é organizada de modo que dois cidadãos norte-americanos ricos acumulam uma riqueza maior do que quase todos os países da África possuem para produzir, alimentar e cuidar de suas populações. As reservas de água do planeta, se fossem bem distribuídas, daria para toda a humanidade, mas enquanto cada norte-americano pode gastar até 44 litros de água por dia, quase um bilhão de pessoas não tem acesso a nenhum litro diário de água potável.

Muitos propõem um programa rígido de limitação de nascimentos. Entretanto, isso não é suficiente e profundo. O mais urgente é refazer as regras da convivência social, reformar a ONU para lhe dar poder de defender a justiça internacional e garantir o direito e a dignidade dos países pobres, assim como conceber um modelo de desenvolvimento baseado na justiça eco-social e no respeito à natureza. Formamos com todos os seres vivos uma só comunidade terrena. Quem pertence a alguma tradição espiritual e todas as pessoas comprometidas com a paz e a justiça se sentem chamados/as a colaborar para a construção desse mundo renovado, no qual o direito, a justiça e a paz possam brotar como flores de um jardim bem cultivado. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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