Hoje à noite está começando em Salvador a 4a Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. A novidade destas conferências é que, pela primeira vez no Brasil, se trata a alimentação como direito humano fundamental (para todos) e como obrigação ou política pública do Estado. Evidentemente não basta essa declaração ou essa consciência por parte do governo e o problema da fome ou da sub-alimentação estariam resolvidos. Não. Entretanto, é importante porque determina uma ação prioritária. Não estou de acordo com o governo Dilma que país verdadeiramente desenvolvido é país sem pobreza. Acho que país desenvolvido é país sem riqueza, isto é, sem desigualdade social e sem estas disparidades imensas que existem no Brasil e na maioria do mundo. No meu artigo semanal eu digo que a terra pode alimentar até mais de onze bilhões de pessoas e nós somos sete. É verdade isso, mas não nesse sistema. Neste caminho que a humanidade está percorrendo, a terra está já esgotada e vai faltar alimento. É claro que se em Rondônia existem oito cabeças de gado para cada pessoa humana e o sistema providencia pasto para todos esses bois e vacas, como fica a floresta amazônica e as terras para o plantio da agricultura que nos alimenta? Se a alimentação é direito humano e política do governo, é preciso que as duas mil pessoas que estão presentes nessa assembléia garantam que o governo tomará o rumo das reformas estruturais da sociedade (reforma agrária, reforma do sistema econômico) para possibilitar verdadeiramente uma segurança alimentar para todos.