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A coerência de uma vida martirial

Ontem, celebramos o 28o aniversário do martírio dos irmãos e irmãs assassinados por militares da ditadura salvadorenha na UCA em El Salvador (1989). Os nomes de Elba e Cecília Ramos, de Juan Ramon, Armando Lopez, Segundo Montes, Ignacio Ellacuría e Martin Baró não podem ser esquecidos. Como diz o papa Francisco, os nossos mártires são irmãos que nos acompanham no caminho para sermos uma Igreja toda martirial, no sentido de testemunho do projeto de justiça e paz para esse mundo. Gustavo Gutierrez diz que o testemunho que eles nos deixam é como a morte da morte e que dá lugar à vitória da vida. Pessoalmente, celebro nesse dia o martírio anônimo e cotidiano de tantos irmãos e irmãs que seguem na coerência do seu testemunho de discípulos e discípulas de Jesus. E eu que me sinto frágil e ainda incoerente nesse caminho sou sustentado por eles e elas. Lembro-me de que um ou dois anos antes do martírio dos jesuítas, participei de um encontro teológico em Petrópolis e por acaso me colocaram no mesmo quarto do padre Ignacio Ellacuría. E assim durante três dias, sem saber, eu convivi e dormi no mesmo quarto que um dos nossos mártires mais queridos.

Que a memória de seu martírio nos ajude a continuar a luta para fazer descer da cruz os povos crucificados da América Latina e de todo o mundo.

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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