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A força da fraqueza

O Evangelho de João termina com uma palavra de Jesus a Pedro: "Quando tu eras jovem, tu mesmo te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, um outro te amarrará a cintura e te levará para onde não queres ir. Nesse momento, ainda SEGUE-ME!

O evangelho esclarece que Jesus disse isso indicando o martírio com o qual Pedro deveria dar testemunho da fé. Eu lembro agora esse evangelho em uma situação bem particular. Há mais de uma semana, minha vida parou. Desde sábado, 18, com uma fratura de fêmur, estou internado em um hospital público em Verona, no norte da Itália. Um hospital tecnicamente bom e eficiente, com todos os mais atualizados recursos médicos, mas no ponto de vista humano, um hospital público com superpopulação, a gente tem de esperar dois dias para fazerem uma cirurgia quando as dores são insuportáveis. Em quartos coletivos, o barulho é permanente, a noite se tem dificuldade de dormir e assim por diante. Tudo isso é café pequeno quando pensamos na situação de saúde do povo brasileiro nesse momento de crise e de governo ilegítimo. Aqui tudo o que eu queria era voltar rápido ao Brasil para colaborar em um importante encontro ecumênico sobre os 500 anos da Reforma e depois participar da celebração da Páscoa em Goiás, no meu antigo mosteiro. Parece que isso me será tirado. 

Agora, já me deram alta da sessão de Ortopedia e me promoveram de aleijado a velho. Estou na sessão de Geriatria e Reabilitação do mesmo hospital. Mas, o médico não dá o laudo se eu teimar em viajar antes que ele aprove e ele só aprova daqui há dez ou quinze dias. 

Com meu temperamento agitado e minha vida corrida, essa imprevista parada me faz pensar na fragilidade da nossa vida, na total fragilidade que de um momento a outro nos domina. Mas, devo refletir com Sao Paulo: que a força do Senhor se revela na nossa fraqueza e que é missão minha viver mesmo esse tempo de impotência e fragilidade a serviço dos outros. Que Deus me ajude. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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