Neste meu último dia nesta passagem em Bruxelas, antes de ir para a paróquia onde nasceu o padre Comblin, ando despreocupadamente pelas ruas do centro da cidade. A temperatura está em oito graus e estamos ainda no outono. O pior é que é úmido, meio molhado. Hoje pela manhã chovia. As árvores coloridas com as mais diferentes cores dá ao outono uma beleza ímpar. Mas, o que me chama mais a atenção hoje é a invasão de Tin Tin. Amanhã será aqui em Bruxelas a première mundial do novo filme de Stephen Spielberg em 3D e passei agora por um imenso cartaz de Tin Tin que dizia: "eu nasci aqui em Bruxelas". De fato, Hervé, seu criador (desenhador e autor) era belga e vivia aqui. Quando eu era jovem e, pelas primeiras vezes, li os albuns de história em quadrinho de Tin Tin, tinha a impressão de alienação total. O rapazinho europeu louro e classe média que conquista o mundo, coloniza os negros, os índios, etc... Sempre a mesma história. Depois percebi que para Hervé, era uma grande ironia. Ele justamente ri e goza da colonização. Tin Tin é mais o adolescente frágil e acompanhado do seu cachorrinho que enfrenta o mundo hostil. É claro que não vi ainda o filme do Spielberg, mas li que ele levou 30 anos para conclui-lo. Espero que seja bom e vá além do mero espetáculo comercial. A Bélgica que depois de mais de um ano de governo provisório, finalmente, conseguiu um acordo entre os belgas de língua francesa (40%) e os de língua flamenga (60%) e tem agora um governo comum e que parece estável também espera um bom Tin Tin.