A pele e a alma
Estou passando dois dias em Goiânia. Amigos que trabalham em um serviço social na periferia me convidaram para participar e falar nos dez anos do trabalho no bairro, trabalho excelente coordenado por irmãos maristas. Gosto de voltar a esta cidade onde morei quase dois anos. Mesmo rapidamente reencontro amigos/as e sinto que confirmo as pessoas em seu caminho e em sua busca. Hoje à tarde, fui acompanhando Clarinha, minha afilhada, ao cinema. Fomos ver "A pele que habito", o mais recente filme do Pedro Almodóvar. Apesar de não vibrar com este, como vibrei com "Tudo sobre minha mãe" e principalmente com a obra-prima "Fale com ela" (aliás a atriz é a mesma deste novo filme), quem gosta de cinema só pode apreciar e se deixar embebedar pelas imagens, criatividade da câmara e no modo de contar a história, misturando o ontem e o hoje de um modo que só ele sabe fazer. O enredo é meio deprê e a história toda sem perspectivas e sem esperança, o que sinto hoje, quase sempre, em todo cinema europeu, o que não deixa de ser reflexo do que a sociedade realmente está vivendo. Seja como for, o filme tem um estilo meio de terror e de suspense que nos recordam Hitchkok e clássicos do terror como Frankestein. De qualquer modo, a pele que habito é mais do que a pele. É a identidade da pessoa e esta ninguém pode roubar ou mudar, transformando apenas a aparência externa. Há um eu interior que só a gente mesmo pode mudar.