Jesus afirma que o mandamento maior é o Amor a Deus, mas o segundo (o amor ao próximo) é igual e equivalente. No texto, é como se ele dissesse: o segundo é expressão do primeiro. Na carta de João, ao autor diz: "Quem não ama seu irmão a quem vê, como pode amar a Deus a quem não vê?
Ao olhar as Igrejas cristãs, principalmente, o clero e pastores, minha impressão é que talvez essa seja uma palavra do evangelho menos aceita por todos. Sem dúvida, ninguém rejeita que o amor ao próximo seja importante, mas não que seja igual ou equivalente ao amor a Deus. Menos ainda que seja a forma concreta de viver o amor a Deus. No entanto, essa é a base da teologia e da espiritualidade que propomos: a espiritualidade que consiste em fazer do amor solidário o caminho de intimidade com Deus.
Como seria bom que pudéssemos repetir o que dizia um místico islâmico da Idade Média: minha religião é o amor. Por isso, ela é aberta a todas as tradições religiosas e nenhuma satisfaz totalmente. Só o amor solidário completa tudo... E esse amor se realiza no plano interpessoal, mas não somente. Ele se concretiza na solidariedade como dimensão social e política da fé. Então não se trata de fazer uma política libertadora como consequência da fé, mas é o próprio modo de viver a fé e a espiritualidade.