Os tempos são maus. Cada dia, as desigualdades sociais se agravam e a riqueza se concentra nas mãos de menos gente. Em Brasília, para agradar aos empresários do agronegócio, o Ministério do Trabalho abre as portas para legitimar o trabalho escravo. Em São Paulo, o gerente municipal declara que pobre não tem "hábito alimentar" e apresenta comida com prazo de validade esgotado para servir na merenda escolar e como alimento para pobres de rua. Manifestação na Paulista pede a volta dos militares. E Bolsonaro declara que o seu modelo de líder é o presidente Trump.
O pior é que não somente vivemos tempos de opressão, mas
também de estupidez. Em vários países, presidentes se destacam, não por sua
inteligência, ou capacidade de governar e sim por sua insensatez. E as pessoas
vivem como se a intolerância e o ódio fossem o normal. Nos Estados Unidos, a
cada ano, morrem mais de 11 mil pessoas, vítimas de armas de fogo. Em todos os
estados do país, há mais pontos de venda de armas do que lanchonetes. Com essa
cultura, se compreende que, nos últimos dois meses, em todo o país, tenham
surgido mais de nove mil focos de racismo declarado. Esses grupos retomam
práticas da Klus-klus-Kam. Reúnem-se para atacar, ferir e, quando possível, matar
índios, negros e migrantes... Embora de modo discreto, contam com a aprovação e
apoio do seu líder maior. Esse, deixa claro que considera a ONU uma idiotice.
Prega que o cuidado ecológico é uma fantasia para crianças e o diálogo com
outros povos uma perda de tempo. Recentemente, o presidente Trump deu um passo
além. Ele e o presidente da Coreia do Norte trocaram ameaças e prometeram
simplesmente detonar uma guerra nuclear. Talvez, a insensatez maior seja a das
pessoas que não levaram isso a sério. Eduardo Hoornaert, mestre e historiador,
lembra que, durante os anos 30, na Alemanha, Adolf Hittler proclamava ao mundo
que iria conquistar o mundo e limpar a humanidade das etnias inferiores que não
tivessem a pureza da raça ariana. Os líderes da Europa achavam que se tratava
apenas de incontinência verbal do ditador alemão. Até que, em 1939, ele invadiu
a Polônia. Aí já era tarde para detê-lo. Atualmente, há mais de 38 bombas
nucleares armazenadas em algum lugar dos Estados Unidos, da França, da Inglaterra,
Alemanha, Japão e Índia. Agora, a Coréia do Norte também pode jogar sobre o
mundo o seu artefato nuclear de última geração. Qualquer uma dessas bombas é dez
mil vezes mais potente do que as que, em 1945, destruíram Hiroshima e Nagazaki,
produzindo mortes e doenças por décadas e décadas.
Há mais de 50 anos que a ONU tenta levar as nações a firmarem
pactos de não proliferação de armas nucleares. Agora, o fundamentalismo de
governos como o do Irã, o expansionismo de Putim na Rússia e principalmente a
loucura insensível de Donald Trump e de King-Jong-Un podem conduzir o mundo a
um ponto sem volta. Em meio a grupos da sociedade civil, nasce um movimento para
levar o presidente dos Estados Unidos e o líder da Coréia do Norte a um tribunal
internacional. Ambos podem e devem ser acusados de crime contra a humanidade.
Nos anos recentes, nos Estados Unidos, várias pessoas têm
sido presas e condenadas pela lei de segurança nacional simplesmente por terem
feito alguma piada na qual fingiam praticar terrorismo. Era brincadeira, mas o
assunto é considerado sério demais para permitir humorismo. Como a sociedade
internacional pode aceitar que dois governantes que se destacam pela
mediocridade intelectual e falta de sensibilidade com seus semelhantes possam proclamar
ameaças tão graves para a sobrevivência da humanidade e de toda a vida no
planeta?
Todas as tradições espirituais convidam a humanidade a apostar
que a paz é sempre possível. Nenhuma guerra pode solucionar o problema de um
povo ou da humanidade. Crer em Deus é aderir ao seu projeto de paz. Quando a
Bíblia diz que Deus transformará as armas de guerra em arados e instrumentos de
cultivo, subtende que ele fará isso através de nós. Somos nós que temos de ser
as pessoas abençoadas (bem-aventuradas) que, nos comportamos como filhos e
filhas de Deus, porque construímos a paz.