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Artigo da semana, terça feira, 05 de junho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Nesse dia do meio ambiente, a nossa atenção se volta para o planeta Terra e toda a a natureza. Em um jogo de palavras, nosso irmão Leonardo Boff diz com razão que a gente quer não apenas "meio", mas o ambiente inteiro. Hoje deixo com vocês o artigo que mandei à imprensa nesse inicio de semana:

O jardim e o jardineiro

A Amazônia ressurge das águas da pior inundação dos últimos tempos. O sertão do Nordeste, ao contrário, há tempos, não via seca tão extrema. Em outras paisagens do mundo, a cada dia, notícias de um novo terremoto se fazem ouvir. Cientistas concluem: a terra sempre tremeu e o clima sempre alternou enchentes e estiagens, mas nunca em ritmo tão frequente e de forma tão intensa. Atualmente, o ecossistema reage como pode às agressões humanas. A novidade é que se certas profecias indígenas se cumprem e o mundo parece se acabar, dessa vez, a sentença não vem de alguma divindade magoada com os desmandos da humanidade, mas do próprio ser humano que transforma tudo em mercadoria e destrói a natureza apenas em função do lucro. Graças a Deus, uma parte sadia da sociedade civil internacional se mobiliza e toma consciência: a sustentabilidade do planeta é assunto tão urgente e importante que não pode mais ser deixado ao arbítrio de governos que promovem o sistema econômico que destrói a terra. São as comunidades indígenas, grupos afrodescendentes, movimentos sociais organizados e a parte mais consciente da sociedade civil que se articulam e se unem para pensar o futuro e propor uma nova forma de relação do ser humano com a terra e a natureza. Nesta semana, especificamente no dia 05 de junho, a ONU celebra mais uma vez o dia internacional do meio ambiente. Neste ano, essa comemoração ocorre poucos dias antes da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável que se reunirá no Rio de Janeiro de 20 a 22 desse mês. Exatamente por não querer deixar assunto tão determinante para toda a humanidade apenas em mãos de governos e técnicos, a sociedade civil internacional resolveu se mobilizar. No mesmo tempo e lugar, enquanto a ONU se reúne para estudar novas medidas paliativas para aliviar os impactos do Capitalismo sobre a terra, os movimentos sociais se reúnem na Cúpula dos Povos, para um grande mutirão de cura e salvação do planeta Terra, assim como da busca da sustentabilidade que nos envolve a todos. 

A Conferência oficial da ONU proporá como solução o que está sendo chamado de “economia verde”. Trata-se de taxar um preço para cada elemento da natureza. Pensam que, ao ter de pagar pelas consequências dos seus desmandos, os responsáveis pela destruição evitarão o pior. Ao contrário, as comunidades populares sabem que a terra, a água e o ar não se salvarão por uma cotação de preços à natureza.  Qual o preço de uma árvore frondosa? E quanto paga  uma empresa para poluir um rio e matar a vida que nele habita? Quanto custará um pouco de ar puro?  A Cúpula dos Povos deixará claro que se a sociedade não mudar esse modo de organizar a sociedade não haverá esperança para a terra e a comunidade da vida no planeta.

Nessa mesma semana em que a ONU celebra o dia mundial do meio ambiente, coincidentemente, na próxima quinta feira, a Igreja Católica celebra a festa do Corpo e Sangue de Cristo. Em muitas cidades, se fazem procissões e em outras concentrações coletivas para honrar a eucaristia. Ainda são poucos os católicos que percebem: ao manifestar sua presença no convívio afetuoso em uma ceia e especificamente nos elementos do pão e do vinho, símbolos de todo o universo, este se torna assim um imenso corpo cósmico do Cristo. 

É preciso que todas as tradições religiosas fortaleçam a dimensão ecológica da sua espiritualidade. É na comunhão com a terra, a água e todos os seres do universo que encontramos a Deus e, podemos testemunhar o que escreveu Paulo: “quando todas as coisas estiverem sob o projeto e como o Cristo quer, então também esse estará plenamente em Deus e, então, Deus será tudo em todos os seres” (1 Cor 15, 28).

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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