Está repercutindo na internet o artigo que o professor Inácio Strieder, filósofo e teólogo, escreveu no Jornal do Commercio do Recife sobre mim e o meu livro. Comumente, prefiro não reagir quando escrevem sobre mim ou meus escritos, mas dessa vez várias pessoas me perguntam e me pedem para ler o que saiu.
Isabel, minha querida sobrinha, mandou para a família a seguinte mensagem:
Meus queridos, segue artigo publicado no JC de hoje sobre o livro do meu Tio Marcelo - Para onde vai Nuestra América. Fiquei emocionada com o belíssimo texto e a homenagem!
bjos a todos
Isabel
ARTIGOS
Nuestra América
Inácio Strieder
Para onde vai Nuestra America é o título do penúltimo livro de Marcelo Barros. O subtítulo deste livro: Espiritualidade socialista para o século 21, pode causar arrepios aos capitalistas materialistas da América Latina. Mas, para Marcelo Barros, a socialização dos bens da terra é uma consequência necessária da organização cristã da convivência humana. O capitalismo vigente é uma aberração humanitária. Durante séculos se demonstra insensível à miséria humana. Conviveu com a escravidão sem questionamentos, e, em nosso tempo, continua tranquilo com as situações de exploração, opressão e semiescravidão de milhões de homens pelo planeta afora.
Marcelo Barros aprendeu muito com dom Helder Camara e com seus colegas, promotores da Teologia da Libertação. Aos poucos os protagonistas da Teologia da Libertação vão saindo de cena. Já faleceram dom Helder Camara, José Comblin, Hugo Assmann, Giulio Girardi. Outros estão fragilizados pela idade. Mas a Teologia da Libertação continua viva e indispensável para a América Latina, e o Terceiro Mundo em geral. Marcelo Barros é um dos promotores, ainda plenamente atuantes e criativos, mais significativos desta interpretação teológica na América Latina. O seu ponto de partida é a origem "socialista" das primeiras comunidades cristãs: "e tinham tudo em comum, não havia necessitados entre eles..." Marcelo Barros busca um mundo com muito mais justiça, com acesso de todos os homens aos bens da terra, com menos intolerâncias, desigualdades e opressões. Para ir em busca deste mundo fraterno, solidário e compassivo, o monge Marcelo Barros não fica preso à cela de seu mosteiro. Viaja principalmente pelos países da América Latina e por todos os Estados do Brasil. Dialoga com políticos, empresários, líderes espirituais das mais diversas ideologias e religiões.
Marcelo Barros se sente em casa nos ambientes de Hugo Cháves, de Evo Morales e de outros promotores populares da América Latina. Todos entenderão que um monge, que vive assim, não terá vida fácil. Neste sentido, Marcelo Barros já passou por diversos embates com as compreensões teológicas de algumas autoridades religiosas. No entanto, continua a sua missão. Para assimilar um pouco da espiritualidade de Marcelo Barros, nada melhor do que ler seu livro Para onde vai Nuestra America.
*Inácio Strieder é professor de filosofia