Nações unidas: objetivos novos
Nessa sexta feira, 16 de janeiro, a ONU comemora o dia internacional contra a escravidão infantil. Essa é uma tragédia que continua a acontecer diariamente nas mais diversas regiões do planeta. Os governos prometem eliminar esse crime. O governo brasileiro mobiliza ministérios e secretarias para impedir o trabalho infantil e a opressão sobre crianças. No entanto, falta um empenho mais profundo de toda sociedade. Infelizmente, isso é parte de um problema mais amplo: o fato de vivermos em um mundo no qual ainda se pratica a escravidão. Milhões de seres humanos são vítimas dessa iniquidade. Não adianta combater as folhas de uma planta daninha se não se ataca a raiz do mal.
Para preparar o ano 2000, a ONU reuniu os chefes de Estado para analisar os problemas mais graves do mundo e elencar aqueles que os governos aceitassem se comprometer em enfrentar. Como resultado da reunião, a ONU convocou toda a humanidade a colocar em prática o que chamou de “os oito objetivos do milênio”. Eram oito metas que as 190 nações representadas na ONU se comprometiam a alcançar o quanto antes possível. No Brasil, as ONGs denominaram esses objetivos como “oito jeitos de mudar o mundo”. Dessas metas, a primeira era muito clara: “acabar com a fome e a miséria”. A ONU prometia que até o início do ano 2015, teria reduzido pela metade o número de pobres no mundo e diminuído a pobreza. As outras metas eram quase todas explicitações e modos de realizar a primeira. Assim a ONU se comprometia a vencer epidemias como a Aids, a malária e outras enfermidades. Prometia garantir educação básica de qualidade para todos, assegurar igualdade entre os sexos com a necessária valorização da mulher e assim por diante.
Agora, começamos o esperado ano de 2015 e os dados da realidade são trágicos. A desigualdade social, causa principal da pobreza no mundo, não diminuiu, como a ONU havia prometido. Não porque os governos não tivessem meios para isso. Cálculos sérios de diversos cientistas sociais revelaram: se as grandes potências, mesmo que fossem somente elas, reservassem dez por cento do que gastam anualmente com armamentos e com a indústria da guerra, para o combate à pobreza, essa poderia ser, em sua maior parte, eliminada. Entretanto o que aconteceu em diversos continentes foi que, desde 2000, a pobreza aumentou, as migrações cresceram, as novas guerras criaram mais deslocamentos, catástrofes ambientais forçaram pessoas a migrar e vários países sofrem formas novas de colonialismo e opressão. Segundo a ONU, o único continente em que houve diminuição da pobreza, embora não pela metade, foi na América Latina. Conforme os dados de organizações internacionais insuspeitas como a FAO, a UNICEF e outras, na América Latina, a desigualdade social continua grave, mas a maioria dos países latino-americanos avançou em termos de superação da pobreza extrema. E os organismos internacionais provam que, o país que mais conseguiu superar a desigualdade social foi a Venezuela. E ela fez isso através do processo bolivariano, tão mal falado pela imprensa dependente do império norte-americano. Até um ministro do STF se pronunciou temendo que o Brasil se torne, um dia, bolivariano. Provavelmente, pessoas como ele têm razão de temer porque perderiam certos privilégios e seriam investigados por algumas relações políticas duvidosas.
Desde o ano passado, a ONU iniciou uma ampla discussão para estabelecer os novos objetivos do desenvolvimento sustentável. Dessa vez, serão 17 metas que vão desde a universalização do saneamento básico até uma drástica redução das taxas de homicídios. Conforme Jorge Chediek, coordenador da ONU no Brasil e representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), “um desafio imenso para o Brasil, onde metade da população não tem acesso à rede de esgoto e mais de 50 mil cidadãos são assassinados a cada ano” (Carta Capital, 31/ 12/ 2014, p. 25). Sem dúvida, para o mundo todo, o desafio maior será conseguir que os governos pensem o futuro com um novo olhar. Há uma forma de desenvolvimento que até aqui propõe cuidar do crescimento econômico de forma a prejudicar o menos possível a natureza. Esse caminho já se revelou insuficiente e ineficaz. É urgente priorizar a sustentabilidade que não somente respeite a Terra, as águas, o ar e a integridade da natureza como pense o caminho da sociedade a partir desse paradigma eco-social.