DIA MUNDIAL DO FIM DO MUNDO: 21 DE DEZEMBRO
Pe. Vileci Basílio Vidal
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Coordenador do 13º Intereclesial de CEBs,
Membro da CPT – Regional NE I
Não precisamos recorrer à religião para saber mais sobre o fim do mundo. A ciência já tem uma explicação bastante convincente para justificar tal previsão. Trata-se de uma realidade bastante notável diante dos acontecimentos últimos no Japão, Estados Unidos, Rio de Janeiro, consequência do efeito estufa. Podemos declarar 21 de dezembro como dia mundial do fim do mundo. Isso nos ajudará a refletir melhor a intervenção do ser humano no planeta e a perceber o efeito estufa como uma alerta para toda a humanidade.
O efeito estufa tem certas conotações positivas contrariamente ao que se podia pensar em princípio. Graças a este efeito, a temperatura média superficial da Terra se mantém entre alguns limites que tornam a vida possível. De fato, se não existisse em certa medida, a Terra seria um planeta gélido como marte. Há os que entendem que o aquecimento global é oriundo de processos da própria natureza e os que afirmam que o planeta está apresentando aquecimento devido às grandes quantidades de emissões de gases de efeito estufa, que se intensificam a partir do momento da industrialização de muitos países. E os vinte países que mais contribuem com o CO² (dióxido de carbono) são: China, EUA, Rússia, Índia, Japão, Alemanha, Canadá, Reino Unido, Coreia do Sul, Irã, Itália, África do Sul, México, Arábia Saudita, França, Austrália, Brasil, Espanha, Ucrânia e Polônia. A China, devido ao índice populacional, é o principal emissor de gases de efeito estufa à atmosfera, em particular de CO². Muito embora, no ano de 2008, um norte-americano no médio produziu aproximadamente 20 toneladas de CO², enquanto um cidadão chinês médio gerou apenas 5 toneladas. Sendo que o setor transporte, representa aproximadamente 14% das emissões de gases de efeito estufa e, em particular, de CO².
O relatório da Agência Internacional Energia (IEA), de 2009, considera que o período 2007-2030, tem implicações energéticas globais: o emprego dos combustíveis fósseis, aumento do uso da energia primária de 40%, aumento da demanda de petróleo de 23,5%, um aumento significativo da demanda de carvão. Quanto às implicações ambientais consta no relatório dependência dos combustíveis fósseis (petróleo), um aumento rápido e contínuo de quase 40% das emissões de CO², uma aceitação de gases do efeito estufa na atmosfera podendo chegar a 1000ppm (partes por milhão) de CO² em 2025, aumento de 60% na utilização de carvão, uma severa mudança climática e um prejuízo irreparável para o planeta, chuva ácida, efeito sobre 40% dos ecossistemas, mortalidade generalizada de corais (vivem nas águas quentes do mar), desaparecimento da maioria das florestas tropicais, proliferação de furacões, secas e inundações em todo o mundo. São implicações sociais e políticas apresentadas no relatório: a metade da população mundial sem água potável, o deslocamento de centenas de milhões de pessoas de seus lares, a queda da produção de cereais, o desaparecimento de países sob as águas, os impactos na saúde humana, instabilidade política e os conflitos ligados ao suprimento de petróleo e gás, domínio do mercado por parte de alguns países que controlam a maioria dos recursos. E como implicações econômicas registra-se a necessidade de um capital de 26 bilhões de dólares norte-americano (ano de 2008) para satisfazer a demanda energética prevista até 2030, ou seja, o equivalente a 1,4% do PIB mundial, e a transferência de riquezas de países consumidores para países produtores de petróleo e gás. É, ou não é o fim do mundo?
Devido ao aquecimento global, desde o princípio do século XX, o nível do mar subiu uns 18 cm, prevendo-se para 2100, o alcance dos 50 cm. Estas consequências são devidas o aumento da temperatura que representará mudanças no ciclo hidrológico do planeta e na circulação geral das correntes do ar (fenômeno El Niño), com o que se acentuarão as perdas das geleiras de montanhas, as secas, as inundações, os incêndios, etc.
Ninguém sabe de ciência certa, o grau de influência que a atividade humana possa ter em todas estas catástrofes e se elas ocorrerão ou não, mas o quarto relatório do Painel Intergovernamental sobre mudança do clima (IPCC – Intergovernamental Panel on Climate Change) publicado em Valência (Espanha) em fevereiro de 2007, obteve-se a certeza de que as atividades humanas, já desde o início da Revolução Industrial, na segunda metade do século XVIII, influenciam na ocorrência da mudança climática.
Tudo isso se torna um grande apelo à conversão ecológica da humanidade e nos alerta para recriar um novo mundo, baseado em novas atitudes. Devemos, pois, apelar para a religião não para responder quando será o fim do mundo e mais no sentido de afirmar compromissos éticos inevitáveis para defender a criação como obra sagrada de Deus, desmontando a estrutura econômica atual a serviço do fim do mundo, e sonhando com uma mudança sistêmica que atenda às necessidades e aspirações de toda Família Humana reunida na casa comum “Oikós” que tem como lei a fraternidade e solidariedade. Pois, os dados apresentados nos Relatórios de Avaliação do IPCC em relação à mudança climática, já se caracterizam como sinais do fim do mundo.
Referências Bibliográficas:
CASALDÁLIGA, Pedro. A outra economia. Goiânia: Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, agenda latino-americana, 2013, pág. 10 e 11.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Campanha da Fraternidade 2011: Texto-Base. Brasília: Edições CNBB, 2010.
Fundação Universitária Iberoamericana. Formação Universitária: Disciplina – introdução ao meio ambiente. Florianópolis: FUNIBER, www.funiber.org