A primeira história é do homem que, por acaso, encontra um tesouro escondido em um campo que não lhe pertencia. Como o campo não é dele, depois de encontrar o tesouro, ele o esconde de novo e vai vender tudo o que tem para poder comprar o campo e assim obter o tesouro. Ele não compra o tesouro. Esse é encontrado de graça. Mas, tem de comprar o campo para poder ter o tesouro. De acordo com os padrões éticos da sociedade, esse não seria um bom exemplo de moral. Se o campo não era dele, ele não foi muito honesto em comprar o campo sem dizer nada ao dono e depois se beneficiar do tesouro.
Mais uma vez, vemos que as parábolas do reinado divino vão contra as convenções da sociedade da época e mesmo da sociedade atual. Pode ser que Jesus tenha contado um fato da vida que, depois de ocorrido, tornou-se conhecido. Ou propositalmente, ele quer mostrar como o reino se apresenta a partir das realidades ambíguas da vida de cada dia? O reino de Deus é subversivo.
As parábolas do tesouro e do negociante que, por acaso, encontra uma pedra preciosa, retomam a questão fundamental. Jesus anuncia o reinado divino para todos e todos podem acolhê-lo. Mas, há uma exigência fundamental. O reino pede um compromisso de vida. Bonhoeffer interpretava estas parábolas dizendo que a graça divina é de graça, mas, contraditoriamente tem um preço e um preço alto. A Deus, custou a vida do seu próprio filho. A cada pessoa, pede jogar a vida inteira, arriscar tudo para poder ter o tesouro ou a pérola, encontrados de graça. Bonhoeffer falava do “preço da graça”. Aparentemente é contraditório dizer que a graça de Deus é gratuita, mas “custa caro”. Na nossa vida, isso continua assim: a graça é gratuita, mas pede que apostemos tudo para poder receber a graça de viver o projeto divino nesse mundo