Hoje em um hospital-maternidade de Brasília, nasceram duas meninas, filhas de Maria Aléssio, netas de Ricardo e Malu, portanto minhas sobrinhas. Nem sei ainda o nome delas duas, mas escrevi a seguinte carta:
Minhas muito amadas sobrinhas,
Ontem, eu estava lendo o livro de Dhyani Ywahoo, sábia índia Cherokee, do leste dos Estados Unidos e do Canadá: Sagesse Amérindienne (traditions et enseignements des indiens Cherokee). E, por acaso, estou no capítulo 4 no qual a palavra que ela recorda ter recebido dos seus ancestrais é de natureza xamânica, isso é, se trata de uma revelação. Penso que, neste dia, esta revelação é para vocês e expressa a minha bênção de tio avô e a bênção com a qual toda a tribo Carvalho e Aléssio Martins as acolhe:
“Que, durante toda a vida, a luz sempre clara de um espírito despertado se manifeste em vocês. Que vocês sempre cantem a afirmação de sua beleza interior. Que a energia amorosa do Espírito que une todos os seres seja reconhecido sempre em vocês e por vocês como base e fundamento de nossa existência, partilhada na família da humanidade”.
Minhas queridas sobrinhas,
Vocês vieram em um momento no qual não foi só Maria que esteve em trabalhos de parto. Toda a humanidade e o nosso país vivem um parto doloroso e impactante que pode significar mudanças importantes no rumo da sociedade e no seu modo de se relacionar com o planeta e com a vida coletiva. Eu e toda a sua família prometemos a vocês fazer tudo para que, de todo o sofrimento destes dias de dor e insegurança de todos nós, a humanidade possa renascer para um tempo novo de mais partilha comum, mais justiça e amorosidade no trato uns dos outros e na relação com a Mãe Terra. O amor de Maria e Samuel que nos deram vocês de presente para nós e para o mundo revela que vocês duas são profecias desta esperança e de que esta humanidade renovada é necessária e possível. Beijo no coração e Deus as abençoe. Seu velho tio Marcelo