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Chávez vive

Chávez vive!

          “Felizes vocês que veem o que vocês veem, porque eu lhes garanto que muitos profetas desejaram ver o que vocês veem e não viram, ouvir o que vocês ouvem e não ouviram”, disse Jesus à sua geração (Cf. Lc 10, 23- 24).  

No dia de hoje, o presidente Hugo Chávez completaria 64 anos de idade. Eu o conheci em janeiro de 2006. Eu estava em Caracas participando do 6º Fórum Social Mundial e em uma quarta-feira, andando no centro da cidade, o meu celular tocou. E alguém me falou:  - Aqui é o secretário particular do presidente Hugo Chávez. Depois de amanhã, sexta-feira, às 18 horas, os movimentos sociais farão uma concentração no ginásio de esportes Poliedro. E convidaram o presidente Chávez para falar. E escolheram você para falar no momento da mística inicial do encontro e você conclui sua fala apresentando o presidente Chávez. 

Aceitei o encargo porque me sinto sempre como servidor dos movimentos sociais e se me pedem algo, nunca digo Não. No entanto, logo depois de desligar o telefone, me deu a angústia de não saber o que fazer, o que dizer e como dizer. As ideias vinham e voltavam e até a hora da sexta-feira quando eu já estava no ginásio para fazer o que me pediram ainda tinha dúvidas do que diria e como faria. 

Enquanto esperava no corredor, andando de um lado a outro, tentando esboçar um roteiro para minha fala, fui abordado por um jovem soldado. Deveria ter seus 18 anos e estava fazendo serviço militar. Ele veio a mim e perguntou: - “Você é o padre que vai abençoar a nossa revolução?” 

Respondi sem hesitar: - “A nossa revolução não precisa ser abençoada, porque ela já é santa”. 

Ela é mesmo uma revolução espiritual, principalmente se ela garantir 

1º - que parte sempre das necessidades e da vida dos mais empobrecidos, especialmente, índios e negros. 

               2º - que se baseia na igualdade absoluta de homens e mulheres em sua diferença de gêneros.   

3º - ser uma revolução baseada na educação e na não violência. 

4º - ser uma revolução ecológica e de profundo respeito à Terra, à Água e a todo ser vivo.  

5º - uma revolução que leve às pessoas a se transformarem a si mesmas para transformar o mundo na solidariedade internacional. 

Ali estava o que que queria dizer e disse naquele encontro de 25 mil pessoas nas quais tive a honra de apresentar ao plenário o presidente Chávez. Ele me convidou para me sentar ao lado dele e o seu primeiro comentário foi: - Marcelo, você está me confirmando uma certeza que tenho comigo: Só se faz revolução com amor.

Sem dúvida este é o espírito bolivariano que esteve e está no coração do processo que a Venezuela vive desde o final do século XX quando Hugo Chávez ganhou as eleições presidenciais, recuperou o legado histórico de Simon Bolívar, o libertador e propôs de novo o sonho de Bolívar no começo do século XIX, resumido em três propostas sociais e políticas: 

- Libertar a América Latina do imperialismo e de todo tipo de dominação estrangeira. 

- Integrar a América Latina em uma única pátria grande, Nuestra América, garantindo a autonomia de cada povo, mas unindo na solidariedade profunda de uma só humanidade. 

- Eliminar as injustiças e desigualdades sociais de tal forma que se caminhe para um Socialismo de cara indígena e a partir da radicalização de uma verdadeira democracia popular. 

Por mais de uma década, este processo foi conduzido por um homem que é, para todos nós, latino-americanos, símbolo e comandante perpetuo deste processo: o presidente Hugo Chávez.  

Depois que a doença o levou de nós, cedo demais, a Venezuela se viu mais e mais atacada pelo império norte-americano. Durante anos, tinha conseguido eliminar a fome, acabar com o analfabetismo, realizar a mais bem sucedida reforma agrária do continente. No entanto, o bloqueio comercial assassino, praticado pelo governo dos Estados Unidos, os ataques da elite venezuelana que perdeu os seus privilégios e a guerra diária da imprensa com todos os seus fake=News patrocinados por Washington trouxe uma situação de muita dor e privação para o país. Mas, o povo resiste e a Venezuela continua a realizar o seu sonho. 

         Hoje, por todos os recantos da nossa América, o  grito de Bolívar, refeito por Hugo Chávez, ainda ressoa e faz reviver a esperança e a organização de povos indígenas, de grupos e comunidades negras, do povo das periferias urbanas e dos movimentos camponeses para retomarmos esta grande revolução bolivariana. Viva o presidente Hugo Chávez e o bolivarianismo. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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