Hoje, após um dia intenso de atividades, trabalhos e visitas, resolvi ao cinema ver a nova ficção científica Elysium. Gosto de uma boa ficção científica e o diretor desse filme é o sul africano Neil Blomkamp que há dois anos fez o Distrito 9, filme com forte conteúdo de denúncia social, embora com uma linguagem futurista de ficção. O filme é pesado para quem vê naquelas imagens do futuro o que de fato está acontecendo no mundo de hoje. A terra dividida entre uma superpopulação marginalizada e sem direito de cidadania e uma pequena elite vivendo em uma ilha, ou melhor, em uma estação espacial com todo o conforto possível. E só eles são cidadãos e controlam tudo e impedem os outros (a maioria) de ter os benefícios sociais que eles têm. Por acaso, os cidadãos são brancos e falam inglês. Os da terra são latinos, negros e marginais.
E aí a realidade social é escancarada. A vida dos trabalhadores não tem valor. A saúde é só para quem tem dinheiro e assim por diante.
O filme não seria norte-americano se não tivesse um herói e a sua mocinha que, distribuindo pancadas e abrindo o caminho a balas, consegue invadir o mundo dos ricos e torná-lo acessível a todos. Por isso, nem posso dizer que o filme é sério ou que faz uma séria denúncia social porque começa bem, mas do meio para o final vira um faroeste espacial absolutamente previsível e primário. Assim mesmo, é bem feito, bem fotografado e tem como atores importantes os dois brasileiros Wagner Moura e Alice Braga, ambos excelentes em seus papéis.
Em uma entrevista, Wagner contou que, como o papel que ele fazia era de um homem marginal e representava os países de periferia, ele pediu para tatuarem em seu braço uma bandeira do Brasil. Quando o diretor do filme viu aquilo lhe perguntou: Por que você tatuou no seu braço o símbolo de um hamburger da Mc Donalds?
- Não, isso aqui não significa Mc Donald. É a bandeira do meu país.
- Ah, desculpe. Eu pensei que fosse um sanduiche.
Esse é o mundo em que vivemos.