Apesar do começo de pneumonia, começo, hoje, o retiro com o clero anglicano do Recife. Vou começar contando a história do rabino Naaman. Ele tinha um netinho de três anos chamado Yeel. O menino o procurou chorando: "Vovô, eu me escondi para o meu primo me procurar e ele foi fazer outra coisa e me deixou escondido, sem ninguém para me encontrar". O avô respondeu uma coisa que, naquela idade, o neto jamais poderia entender: "Meu filho, o que você viveu agora, Deus sofre conosco todo dia. Ele gosta de se esconder para a gente procurá-lo, mas nós somos pessoas sérias, não gostamos dessa brincadeira e pensamos já saber onde Deus está. Então, deixamos Deus escondido e ele sofre". Vou propor esse retiro de três dias como um tempo de brincadeira com Deus, procurá-lo onde ele se esconde e deixar que ele mesmo nos descubra.
Evidentemente esse tipo de jogo é mais difícil quando as pessoas (e isso é comum no clero de todas as Igrejas) se acham especialistas em Deus. Temos de descobrir que somos apenas procuradores.
No mosteiro me lembro de uma história de um rapaz oriental que chegou ao mosteiro e pediu para ser recebido no noviciado. O abade lhe mandou uma lista de perguntas para ele responder. Ele respondeu todas. O abade lhe mandou voltar daqui a um ano. Mas, como daqui a um ano, se eu respondi a todas as perguntas? É exatamente por isso. É o tempo de você desaprender essas coisas para começar tudo de novo. Eu tento isso sempre na minha vida.