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Conversa, 2a feira, 11 de junho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Há situações na vida que nos remetem à pequenez de humanidade a qual cada um de nós se reduz. Hoje, tive uma experiência assim. A médica marcou a hora: uma da tarde. Só para me dar um pedido de exame (nem era uma consulta). Como o exame deve ser feito pelo Estado - ela tem mais confiança do que em laboratórios particulares - às 12, 30 h eu estava no corredor de espera do hospital, rodeado de pessoas muito pobres e algumas evidentemente muito doentes. As condições da sala e do atendimento já deixam claro para que tipo de pessoas são pensadas. Algumas cadeiras quebradas, o buraco da televisão lembrando que ali era para ter um televisor e um projeto de ar condicionado que quem sabe um dia funcionou. Os médicos ou médicas gritam de dentro dos consultórios o nome das pessoas que ali de fora escutam e então entram para ser atendidos. De minha parte, eu esperei de meio dia e meio até quatro da tarde. Cumprimentava quem entrava e quem saía e pensava - como é só para me dar um papel de pedido de exame, vai ser rápido. Não foi e quando me atendeu às quatro da tarde, me cumprimentou e me deu o papel como se aquela espera fosse a coisa mais natural do mundo. Deve ser mesmo no seu dia a dia. Eu é que tenho de baixar a bola e compreender: afinal tive a graça de me sentir pobre e no meio dos pobres. Estou reclamando de que?

Pela manhã, li, reli e tive de avaliar academicamente (eu que não sou da academia e nem trabalho na academia) a pedido de um amigo teólogo um trabalho teológico sobre Teologia do Pluralismo Religioso. Um texto que vem sem assinatura e ao qual devo dar uma nota. Apesar de que não acrescentava nenhuma novidade ao tema, o autor ou autora conseguiu resumir bem o assunto, explicar porque esse tema hoje é tão importante para o mundo e até delinear um pouco algumas perspectivas de uma teologia do pluralismo religioso que se baseie na opção latino-americana da libertação. Dei-lhe a nota máxima e opinei que a revista deve publicá-lo. É de fato o que acredito seja o mais correto. 

Sei que amanhã é o dia dos namorados. Apesar de que sei como essas datas são acima de tudo comerciais, o fato de ter um dia para festejar as pessoas que se amam é excelente. Em homenagem a todos os namorados e namoradas que conheço e são muitos, releio e oro nessa noite um poema do Cântico dos Cânticos, a coleção de poemas de amor erótico que a Bíblia assumiu. Apesar de que em nenhum momento falam diretamente de Deus (é o único livro bíblico no qual o nome santo não aparece), é o mais santo de todos os livros porque só fala de amor e paixão. A palavra da amada ao amado "Põe-me como uma tatuagem no teu coração. O amor é mais forte do que a morte...." quero hoje dizer às pessoas que são amigas e como algo que vem de Deus. Amém. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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