Queridos irmãos e irmãs,
Fui com minha irmã Penha ver o novo filme "Febre do rato" do cineasta recifense Cláudio Assis. Eu tinha visto, há cinco anos, "Amarelo Manga" e apesar da linguagem forte e escrachada, gostei.
Esse atual é mais escrachado e agressivo ainda. Retrata o dia a dia de um grupo de pessoas que vivem em palafitas perto de uma das pontes do velho Capibaribe, no centro abandonado do Recife. Excelente imagem em preto e branco, cenografia criativa e composição perfeita entre música, imagem e narração de cena. Atores bons, liderados por um ator recifense que faz o papel de um poeta marginal e que edita um jornal que justamente se chama "Febre do rato". A proposta é "já que ao pobre e marginalizado, não resta nada, que ao menos valorizemos a subversão do prazer da bebida, da maconha e do sexo". E de fato, o filme insiste em mostrar que eles vivem isso quase, diríamos, inocentemente e de forma pura. Pessoalmente, eu teria preferido que o diretor evitasse algumas cenas que beiram o mau gosto, ao lado de outras bonitas e simplesmente eróticas. De todo jeito, o filme cumpre o seu papel de denúncia e de dar voz aos marginalizados. Eles mesmos se perguntam se essa revolução que eles propõem (liberdade sexual, de maconha e bebida) dará em alguma coisa maior.... Tenho a impressão do Eclesiastes que diz: há tempo para tudo debaixo do sol. Já que tudo é vaidade, aproveite o momento presente e pronto.
Não é meu pensamento, mas compreendo quem pensa assim.
Hoje perdemos mais um grande teólogo latino-americano da libertação. Em Buenos Ayres, aos 88 anos, faleceu José Miguez Bonino, pastor metodista e um dos pioneiros da teologia da libertação. Que haja uma geração nova capaz de receber essa herança e continuar esse caminho justamente alternativo à proposta hedonista ou momentânea do filme A febre do rato.