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Conversa, domingo, 05 de janeiro 2014

Como agradecer a Deus todas as experiências de tua manifestação em minha vida? Nessa festa da Epifania (manifestação divina na pessoa de Jesus) eu agradeço vários sinais que me deste nesses dias próximos. Que graça imensa poder celebrar a eucaristia na pequena Igreja das Fronteiras, no mesmo altar em que Dom Helder, meu mestre e o bispo que me ordenou, tantas vezes celebrou. E com a comunidade de amigos com os quais ele conviveu. Como agradecer a alegria de ter reencontrado ontem Dom Tomás, meu pai espiritual, tão alegre e bem disposto, como sempre, mesmo travando uma luta árdua e terrível contra a doença. Como agradecer a amizade e a confiança de tantas pessoas queridas. Tenho também de reconhecer uma ação do Espírito que nesses dias me libertou de uma situação travada e na qual eu não conseguia andar, caminhar. E de repente, consegui ao menos me propor para viver aquilo que Paulo diz na carta aos filipenses: Deixando tudo o que ficou para trás, correr ao encontro do Cristo, com os olhos fixos nele e na proposta do reino. Obrigado, Senhor. 

Como gostaria de poder agradecer uma evolução positiva na questão indígena no Brasil de hoje. Não podemos aceitar que atualmente a situação das aldeias e dos povos indígenas esteja pior e mais deteriorada do que no passado. Em Humaitá, na Amazônia, o estudante Elton Jiahui, 17 anos, não pode frequentar a escola na cidade. Corre o risco de ser morto. Ele e todos de sua família foram aconselhados pela FUNAI, orgão do governo federal, a não se aproximarem da cidade. Por que? Simplesmente porque são índios. 

"O policial me disse que eu não deveria vir fazer prova. Que minha vida é mais importante do que a prova", declarou o rapaz à imprensa que publica isso e pelo que sei até agora nada foi feito para acabar com tal situação. O povo da cidade suspeita que os índios mataram três brancos da cidade que estavam invadindo sua reserva. Mas, não há nenhuma prova e mesmo que houvesse, como pode-se viver assim nessa espiral de violência. 

Parece roteiro de filme de faroeste norte-americano que retrata o Oeste americano no século XIX. Mas, nós estamos no século XXI. 

No dia seguinte ao Natal, os brancos incendiaram o posto de saúde indígena. Queimaram tudo. Mulheres e crianças índias estão dormindo em redes e cavernas dentro da mata. São duas tribos de etnias diferentes: os Jiahuí e os Tenharim. E é uma luta desigual e injusta que não leva em conta a história secular de opressões, a miséria a que os índios foram reduzidos e o que eles sofrem até hoje. Se eu pudesse, tomaria um voo agora mesmo para estar com os índios. 

Meu Deus, gente, temos de fazer alguma coisa, gritar, protestar, pedir, escrever. Até quando????

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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