Ao passar hoje por São Paulo, fui com minha irmã Penha e meu sobrinho à apresentação atual da Ópera Rock, Jesus Cristo Superstar. Eu a tinha visto no começo dos anos 70 e claro vi também o filme clássico do Zinneman. (Não vi a nova versão cinematográfica que é mais para a televisão).
É claro que é uma peça com roteiro meio datado. Reflete os Estados Unidos do final dos anos 60. Jesus é mostrado como hippie e contestador do status quo da política e da religião. No caso da versão original, traduzida no Brasil por Vinícius de Morais, o musical era da época do rock. Hoje, eles fizeram uma versão que eu achei mais pesada e uma vez ou outra tive a sensação de mais crente ou carismática. Algumas músicas (belas) claramente na linha da fé e da renovação. Na versão atual, há uma crítica aos espetáculos de tv e se mantém a versão de que Judas não traiu Jesus, apenas se enganou.
É claro que não faço leitura fundamentalista dos evangelhos e não estou a favor da demonização da figura de Judas, muito influenciada pela polêmica entre cristãos e judeus. Mas, não gosto também de certa defesa de Judas baseada no argumento do destino: era o destino dele. Então, ele não tinha como fugir disso.
Também acho que embora tenham todo direito de não fazerem nenhuma alusão à ressurreição, poderiam sim fazer uma leitura mais histórica e crítica da paixão. Mas, penso que para os jovens de hoje de todo modo vale a pena ver a peça.