Iniciei o dia pela missa do primeiro domingo da Quaresma, vivida com as irmãs franciscanas da casa de Aldeia. E o terminei em um encontro amigo com três italianos do MLAL (movimento de voluntários leigos para a América Latina) que me pedem um apoio de reflexão sobre um trabalho que eles ajudam em Tamandaré. Um bom encontro e com boas perspectivas.
À tarde, fui ver um filme que ganhou a palma de ouro no festival de Cannes, no ano passado. "Amor" de Michael Haneke. Foi duro rever Emanuelle Rivas, aquela atriz belíssima do "Hiroshima, meu amor" (de Allan Resnais, 1961), agora com 80 e tantos anos. E Jean Luis Tristignant, galã de tantos filmes dos anos 60, também octogenário. Mas, é bonito ver como mesmo na velhice, o amor é maravilhoso e importante no caminho para o encontro definitivo.
Vi esse filme no Cinema da Fundação, o único cinema de arte do Recife, superlotado e com muitos jovens, muitos mesmos. E eu imaginava que essa história de um casal de anciãos lidando com Alzheimer e a preparação da morte não agradasse à juventude. Mas, tive a impressão de que todos gostaram e sairam do cinema comentando. Como é universal a beleza e como a obra de arte não tem idade. Por outro lado, saí pensando na solidão inexorável que, com a idade, torna mais aguda e crônica... Aí pensei em celibatários que conheço nesse caminho da terceira ou quarta idade e na felicidade que é ao menos se poder contar um com o outro, nesse momento, marido e mulher. Será que devemos, nesse ponto, tentar Deus - obrigá-lo a fazer algum milagre para tomar conta dos velhos que optaram por viver sozinhos - ou como diz Jesus no evangelho de hoje: "Não tentes a Deus"?