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​Conversa, domingo 27 de outubro 2013

Passei hoje todo o dia com coordenadores e animadores de grupos do movimento de evangelização encontro de irmãos, movimento fundado por Dom Hélder Câmara, no Recife, e que quando me ordenei em 1969, acompanhei no início colaborando com os programas de rádio. Agora me convidaram para participar com eles da reunião mensal e me pediram oficialmente para eu ser o acompanhador espiritual do grupo. Eles não têm nenhum padre que os/as acompanhe. Apesar de todo o trabalho que já tenho, de todos os compromissos já assumidos, como eu podia responder Não àquelas pessoas pobres e tão simples que me olhavam com esperança? Fiquei com vontade de responder: Vocês não sabem o que estão pedindo. Eu viajo muito, tenho um horário louco e faço mil coisas ao mesmo tempo. Vou poder dar-me pouco a vocês. Mas, isso seria cair no racionalismo quando o idioma usado era o da confiança e do amor. Aceitei, é claro e a primeira reunião foi boa. Fiquei muito feliz vendo-os sair contentes e fortalecidos. No céu, Dom Hélder também deve ter ficado contente. Aliás, aceitei isso pensando também nele ao qual eu devo tanto. 

Minha primeira surpresa foi ver como o movimento está vivo, apesar de tanto tempo sem apoio oficial da Igreja. Além disso, os coordenadores são alguns idosos da época de Dom Hélder, mas há também rapazes e moças bem mais jovens e entusiasmados. E adorei a alegria que expressam no encontro. Fazia tempo que não estava com um grupo que dança na celebração, adorei os comentários que uma ou outra pessoa fez sobre o evangelho da missão e fiquei mais de uma hora respondendo perguntas, ou seja, dizendo como eu penso sobre as coisas que me perguntaram. 

O dia terminou por uma eucaristia em um estilo doméstico, bem mais informal e íntimo do que quando celebro nas Fronteiras ou na casa das franciscanas em Aldeia. Todos ao redor da mesa, mas com muita unção e uma profunda renovação da fé (da minha). Deus seja louvado por esse presente que ganhei no aniversário de ordenação.  

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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