Um mosteiro diferente
Comumente um mosteiro é uma comunidade de monges ou monjas que se reúnem para viver a sua vocação como testemunho do absoluto de Deus e do projeto divino em suas vidas. Ontem à noite, fiz uma palestra em Sezzano, perto de Verona em um convento que se chama “Mosteiro dos Bens Comuns”. É uma comunidade de religiosos (estigmatinos) e leigos/as que se reúnem para trabalhar para que a ONU e os organismos internacionais decretem a Terra, a Água, o Ar, as florestas e outros bens que são indispensáveis à vida como “bens comuns à toda humanidade” e, portanto, bens que nunca poderão ser privatizados e menos ainda mercantilizados. Ao encontrar aquela comunidade, minha primeira sensação é de tristeza pelo fato de que, normalmente, as comunidades de monges e monjas que conheço não se interessariam por esse tema e não ligam essa luta à sua espiritualidade. Do outro lado, sinto também que essa questão que já entrou nas constituições do Uruguai, da Bolívia, Equador e Venezuela (a água não pode ser vendida) ainda não parece ter vez nas comunidades populares do Brasil. Talvez por termos 12% de toda água doce do planeta, não nos colocamos ainda a necessidade de defender a água como direito básico e universal de todo ser vivo. Tomara que isso chegue logo, antes que seja tarde. De todo modo, o certo é que todo o mundo possa, aos poucos, ir se tornando um grande e aberto Mosteiro dos Bens Comuns.