Minha alegria, hoje, foi concluir o livro "Com os salmos, orar o hoje do mundos". Acho que dos 150 salmos do saltério, escolhi os mais usados na oração cristã, os que considero mais possíveis de ser atualizados e de caráter mais universal. Foi o livro que mais consegui fazer em oração e como oração pessoal. Nenhum daqueles salmos foi traduzido sem eu ter me debatido com ele na oração horas e horas, até dias seguidos. A irmã Agostinha me ajudou na tradução de alguns e espero que ainda corrija outros. Também Reginaldo Veloso me prometeu que em agosto estará mais livre de tempo e me ajudará a rever. Quero justamente antes de publicar, colocar alguns em prática para ver como as pessoas reagem e que adaptações ou correções devo ainda fazer. Um trabalho como esse não é algo que se possa fazer sozinho. Tem de ser uma obra comunitária e litúrgica, ou seja de oração em comum, mesmo se essa tradução foi pensada para alguém que não tem comunidade e quer orar os salmos sozinho/a.
Nessa tradução, a maior dificuldade que tive foi como traduzir quando os salmos falam de Deus. Não podia traduzir por Senhor, nem por nenhuma expressão masculina - e Deus que é o modo como os salmos eloístas o tratam - é um nome genérico e vago, sim. Por outro lado, como traduzir de forma que não seja patriarcal e não seja exclusivo o Deus de Israel? Existe uma tradução de cânticos bíblicos e salmos em flamengo da qual um amigo me falou que evita o nome divino em uma linha do mandamento bíblico: não pronuncies o seu santo nome. Então, se usa o passivo divino: os que choram são consolados, os cabelos de vossa cabeça serão contados. Evita-se dizer: Deus os contará. Mas, como renunciar a invocar diretamente a Deus? Não consigo. Se eu fizesse isso, teria a impressão de fazer mais um poema ou reflexão do que oração e os salmos vivem dessa relação íntima de aliança. Para mim, esse é um assunto não resolvido, mas de todo modo, alguma coisa precisava sair e eu fiz. Que Deus me dê coragem de publicar, mesmo se ainda não é algo perfeito ou completo.