Hoje, em Brasília, gravei duas entrevistas para o programa semanal que faço para a TV Supren (em esperanto, supren quer dizer "para cima". O primeiro foi com o Dr. Paulo Maldos, diretor da Secretaria de Articulação Nacional dos Movimentos Populares, da Presidência da República. Ele foi o coordenador, por parte do governo, da reintegração de posse dos índios Xavante em suas terras ancestrais no Mato Grosso, terras roubadas nos anos 70 e só agora devolvidas, com a expulsão dos fazendeiros da área. Por causa disso, Dom Pedro Casaldáliga foi novamente e mais uma vez ameaçado de morte. Isso com 86 anos e com Parkinson bem avançado.
Agora, a Secretaria geral da Presidência da República está tentando resolver o conflito no Mato Grosso do Sul, devolvendo as terras aos índios Guarani Kaiowá. É mais difícil porque as terras foram tiradas ha muito mais tempo e os ocupantes receberam títulos do governo federal. Eu reclamei que sinto um fato: o governo federal dialoga pouco com os movimentos sociais e populares. Paulo Maldos nega isso e diz que o governo tem um canal aberto com todos. Tomara.
A segunda pessoa que foi a irmã Maria Raimunda Costa, coordenadora das irmãs negras da Congregação das missionárias de Jesus Crucificado. Ela contou que até pouco tempo, pelo fato de ser negra, as pessoas estranhavam que ela fosse assessora da CNBB. E mostrou que o racismo ainda é muito forte no Brasil. Mesmo dentro da Igreja, o que é mais grave e mais escandaloso.