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​Conversa, quarta feira, 09 de outubro 2013

Ontem, passei horas na Bienal do Livro em Olinda. É uma experiência estonteante. Milhares e milhares de livros, de todos os gêneros e qualidades, distribuídos em centenas de stands e livrarias todas organizadas em "ruas" internas do imenso Centro de Convenções de Pernambuco. É difícil expressar as diversas sensações que assaltam quem, como eu gosta de ler e não tem dinheiro para comprar tantos livros como vejo em oferta. De fato, a Bienal oferece uma proximidade com os livros que estão saindo e com as promoções que comumente não temos. Por outro lado, me dá a impressão de certa banalização da leitura como se livro pudesse ser oferecido em cestas e pacotes como guloseima ou qualquer outro produto de consumo. E minha reação é semelhante a que tenho ao entrar em um restaurante rico que está organizado como self-service. Vejo aquela mesa imensa, uma variedade de comidas impressionantes, uma mesa de doces e sobremesas que é quase uma experiência erótica para os olhos e fico meio perdido. No começo, adorava e saía comendo um pouquinho de churrasco, outro pouquinho de peixe, outro pouquinho de camarão, etc... Cada vez mais sinto que o gosto de um petisco anula o gosto do outro e que aquela fartura e riqueza são enganosas e não me ajudam. É bem melhor escolher humanamente: hoje como carne e amanhã prefiro peixe. E pronto e não cair na geleia geral. Com os livros também é assim. A mania atual dos imensos book-store que são mercados de livros de dois ou três andares encantam o leitor, mas ao mesmo tempo, o desorienta. E principalmente, em uma sociedade que lê pouco. Eu constatei que vários shoppings do Recife não têm uma única livraria. Provavelmente não fazem falta. Eu preciso. Mas, não de feira de livros em bienais. 

Nessa consegui garimpar estantes nas livrarias e editoras mais interessantes (para mim). A Editora Expressão Popular tem muitas coisas boas. A CEPE, editora do governo de Pernambuco, publicou agora o livro de poemas do saudoso padre Daniel Lima, autor desconhecido do Recife que de repente ganhou o prêmio maior da Biblioteca Nacional, vencendo autores consagrados e muito mais conhecidos. Entretanto, o livro que acabei comprando foi na editora Cortez: "Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos" do querido professor Boaventura de Sousa Santos. O livro acabou de sair (é de 2013) e já comecei a ler. Estou adorando. Sugiro a vocês que o procurem e dele se alimentem. Como eu. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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