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Conversa, quarta feira, 10 de outubro 2012

O Concílio Vaticano II - 50 anos depois 3a reflexão. 

Se alguém me dissesse que de todo o Concílio e de seu trabalho renovador na Igreja eu só poderia escolher uma coisa que eu gostaria que retomasse na minha Igreja, - e só pudesse ser uma coisa só - o que eu escolheria? Eu não hesitaria um instante. Responderia: o diálogo amoroso com a humanidade. Gostaria de ver novamente os pastores da Igreja a falar como irmãos e não como juízes, como parceiros de busca e não como fiscais da ética sexual da humanidade. Gostaria de ver um papa novamente humano e bondoso como João XXIII - sorridente e otimista, sem passar medo dele em relação ao mundo e medo do mundo em relação a ele. No discurso inaugural do Concílio, amanhã fará exatamente 50 anos, o papa João XXIII disse que a partir daquele momento a Igreja não falaria mais palavras de julgamento e de condenação de ninguém, mas de misericórdia e de diálogo. Que pena que isso mudou e desde o pontificado de João Paulo II já são mais de 150 teólogos e teólogas condenados, excluídos do ensino em instituições católicas e que nem tiveram ou têm o direito de se defender. E agora, o papa atual inaugurou uma nova forma de condenação - antes eram só pessoas condenadas. Agora pela primeira vez o Vaticano condenou uma instituição - uma conferência de religiosas dos Estados Unidos, uma entidade super querida e prestigiada no país - o Vaticano não aceita que as religiosas tenham se pronunciado a favor de pontos que são tabu para o Vaticano - ordenação de mulheres, limitação de filhos, oficialização jurídico e acompanhamento pastoral de uniões gay (não se trata de casamento homossexual). Então, aquela imagem de Igreja mãe e mestra amorosa que João XXIII propunha - que saudade. No dia 11 de outubro de 2012, à noite, ele despedia o povo reunido em multidão na praça de São Pedro com o famoso discurso da lua. Convidou o pessoal a ver a lua cheia e disse: voltem para casa e a quem encontrarem por primeiro dêem um beijo ou façam um carinho e digam que foi o papa que mandou esse carinho para eles ou elas. Que o Espírito Santo nos dê novamente uma Igreja assim, como diziam os bispos em Medellin, pobre, simples e aberta a toda a humanidade. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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