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Conversa, quarta feira, 12 de março de 2014

Hoje pela manhã, busquei os exames e levei à Dra Rita de Cássia, minha pneumologista. Graças a Deus, ela constatou que não tenho nenhuma obstrução nos pulmões, embora estes estejam com a capacidade respiratória tão diminuída (44% e 48%). Parece ter sido consequência ainda da cirurgia cardíaca e de alguns remédios cardiológicos que eu tomo. Mas, tomando certos cuidados, posso ainda seguir vivendo e trabalhando pelo reinado divino no mundo e é isso que me interessa. No mais, pouco importa... 

À tarde fui acompanhar minha tia Anatil que sepultava ou cremava o corpo do seu esposo (Pedro, 93 anos).

Foi bonito e comovente ver em torno do corpo desse irmão tantos filhos, netos e bisnetos, além de sobrinhos e amigos, amigas e conhecidos. Sua vida de pai de família e de homem trabalhador formou gerações e agora ele vê a colheita boa daquilo que plantou. 

  Saí do velório meditando: 

 O que é viver e o que é morrer? 

A gente começa a morrer desde que começa a nascer. 

E a morte é um processo. Fisicamente de células que já não se renovam com a mesma força ou proporção de quando somos jovens. Interiormente, a gente começa a morrer quando deixa de se renovar e quando aceita viver preso no passado e no presente, sem perspectiva de esperança e de projetos de vida. 

Minha querida amiga Escobar (94) continua desenhando figuras lindas de crianças saltibancas e palhaças para um livro comigo sobre a espiritualidade do circo. E me ensina a não me levar tão a sério e aceitar, ao menos para o círculo mais íntimo de meus amigos, colocar um nariz vermelho de palhaço e tentar ver como me sinto assim fazendo os outros rirem. 

E aí me lembro que estamos preparando a festa tão querida e maravilhosa da Páscoa, a festa da eterna jovialidade de Cristo ressuscitado e nossa já que ele partilha conosco essa energia da juventude permanente do coração. 

Estou muito, muito cansado e acho que não estou mais falando coisa com coisa. Desculpem e boa noite. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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