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Conversa, quarta feira, 13 de junho 2012

Queridos irmãos e irmãs, 

Estou lendo e estudando com um pequeno grupo de pós graduação de ciências da religião o livro do Ken Wilber "Visão integral" no qual ele aprofunda a questão de uma espiritualidade humana, religiosa ou não. Mostra que existe uma espiritualidade de tipo mágica e mítica, uma mais racional e finalmente uma mais integrativa e que junta os vários elementos de uma evolução pessoal. Deixa claro que 80% das pessoas que se pensam no caminho da espiritualidade, não cuidam de que isso as torne mais humanas, mais integradas como pessoas e portanto mais capazes de amar e servir aos outros. Têm uma visão de Deus como se ele fosse um ser sobrenatural fora da história e não um Deus conosco e em nós como Jesus, Buda e outros profetas nos revelaram. 

Acho ótimo que um filósofo não religioso trate de espiritualidade e a mostre como um caminho de amadurecimento pessoal e integração humana. Acho que ele não deveria reduzir a espiritualidade à dimensão da interioridade (é uma dimensão importante, mas não é o todo da espiritualidade) e nem à consciência (Conheço pessoas que mesmo sem estar muito conscientes disso vivem uma espiritualidade profunda). Para os cristãos, a espiritualidade é mais dom divino ao qual devemos corresponder e cultivar, mas é dom. E nesse sentido é de graça e não apenas fruto do nosso esforço. E é uma dimensão de amor e não apenas um itinerário psicológico de crescimento pessoal, embora acarrete isso e tenha esse horizonte como consequência. 

Lembro-me do evangelho de João que diz: "O Espírito sopra onde quer. Ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai" (Jo 3). 

Amanhã pela manhã farei exame de sangue e depois audiometria. Mesmo sabendo que a saúde é um elemento fundamental da vida e portanto da vida espiritual, tenho dificuldade quando sou obrigado a  

parar coisas para fazer isso. Sei que não é real, nem correto, mas gosto tanto de minha missão e do que estou fazendo, seja as assessorias em que trabalho como tudo o que escrevo que se pudesse deixaria de lado esse tempo gasto com saúde e cuidado comigo mesmo. A fragilidade física, idade e cansaço me obrigam e me jogam na cara a pouca munição que tenho, mas tento manter o espírito forte, mesmo se a carne é fraca. 

Marcelo Barros

Camaragibe, Pernambuco, Brazil

Sou monge beneditino, chamado a trabalhar pela unidade das Igrejas e das tradições religiosas. Adoro os movimentos populares e especialmente o MST. Gosto de escrever e de me comunicar.

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