Fé e economia
Hoje passei o dia preparando um texto sobre Economia e Espiritualidade para uma palestra que daqui há alguns dias devo fazer no Instituto Teológico San Bernardino em Verona. Não é um tema fácil. Tive de estudar toda a história da economia capitalista, conhecer o que dizem os teóricos da escola de Chicago (sobre a liberdade absoluta do mercado), os da escola de Frankfurt (liberdade com alguma responsabilidade social) e elaborar os princípios de uma ética nova para a economia atual. Tenho lido um bom livro do Hans Kung "Una ética mundial para la economía y la política" (Madrid, Trotta, 1999), mas o que é mais nosso é mesmo Jung Mo Sung e tenho dele "Teologia e Economia", um bom livro já do começo dos anos 90. Lembro-me que estava em Nairobi no 2o fórum mundial de teologia e libertação (2007) quando escutei um muçulmano interpelar aos cristãos ali presentes: "O que vocês fizeram com o Cristianismo para que o império econômico o aceite tão bem?". Lembrei-me então de uma provocação do velho e saudoso Hugo Assman em Buenos Ayres (1973) que dizia estar assombrado com o cinismo dos teólogos e das igrejas que conviviam com a fome de milhões de seres humanos e a miséria de dois terços da humanidade sem mexer na sua fé e espiritualidade. Temos de ser diferentes.