Estou em Goiânia para, a partir de amanhã, celebrar o Tríduo Pascal no antigo mosteiro de Goiás com um grupo que está procurando revitalizar a proposta do antigo mosteiro com uma fundação leiga. Seria um outro estilo de vida consagrada, não conventual, nem presa à instituição da Igreja. Faço tudo o que posso para apoiar isso e ajudar a que esse projeto dê certo, o que sei que não é fácil porque a vida religiosa sempre exige radicalidade e normalmente as pessoas estão interiormente muito divididas. É importante se trabalhar mais e mais nesse plano e isso não é fácil. Mas, o grupo é bom e eu espero que consigam.
Minha volta a celebrar a Páscoa no antigo mosteiro, depois de sete anos, (a última Páscoa que celebrei lá foi em 2007), é ligada a esse fato: apoiar o grupo que está fazendo essa revitalização da proposta e do espaço do antigo mosteiro. Deus queira que consigamos viver um lastro comunitário que possibilite uma Páscoa nova e renovadora. Para mim, a celebração pascal é o sacramento da restauração das forças físicas, psíquicas e espirituais. Vou para lá agora triste com o fato inesperado de saber que Dom Tomás Balduíno que, apesar de fragilidade, ia celebrar comigo, está hospitalizado e não está passando bem. Que dor ver um homem como ele, cheio de energia vital e respirando alegria pascal e jovialidade, mesmo aos 92, limitado a um corpo que não corresponde ao seu espírito. Deus o fortaleça e o acompanhe sempre. Vou a Goiás, meditando a palavra que, segundo o evangelho de Lucas, Jesus disse aos discípulos e discípulas, durante a ceia: "Desejei ardentemente celebrar com vocês essa Páscoa".
Minha oração é essa do desejo. Outras formas eu gosto, mas estou sem muita capacidade de orar. Falho e como não vivo quotidianamente em uma comunidade, acabo faltando muito os ofícios, celebrações, etc. Resta-me assim somente, mas de forma muito intensa, a oração do desejo: Desejo profundo e devorador de celebrar a Páscoa e de transformá-la em vida da minha vida.